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POLÍTICA SALTENSE

A disputa eleitoral que envolveu “Pinga com Limão”, “Maria Mole” e “Gemada”

Numa das eleições municipais que aconteceu alguns anos após a redemocratização do país, em 1949, verificou-se uma disputa interessante: em 1956 tinha-se, de um lado, o candidato “Pinga com Limão”; do outro, o candidato “Maria Mole”. Havia ainda um terceiro, Iguatemozi de Arruda Castanho, o “Gemada”, porque, como dono de várias granjas no município, abastecia os saltenses com a produção dos ovos.

A princípio e pelo apelido que os dois principais candidatos receberam, pode parecer que se tratavam de duas pessoas da classe baixa, de conduta nada exemplar, mas na realidade tiveram uma vida de sucesso, inclusive galgando altos cargos como profissionais e como membros do Poder Público. Eram dois advogados, um dos quais o primeiro saltense a se formar em Direito e a exercer a profissão: o dr. Mário Dotta. Ele era o “Maria Mole” (um doce muito apreciado na época), antes de ser vereador, presidente da Câmara durante um longo período (de 1964 a 1969) e um dos advogados mais conceituados de Salto e região. O outro, “Pinga com Limão”, não ficou muito atrás, pois foi prefeito de Salto de 1966 a 1969, também se formou advogado e se aposentou como Fiscal de Rendas do Governo do Estado.

Como explicar os dois apelidos?

Hélio Steffen, o “Pinga com limão”, Mário Dotta, o “Maria-mole” e Iguatemozi, o “Gemada” (fotos da época)

O “Pinga com Limão” foi adotado pelo próprio denominado, Hélio Steffen, que foi vereador em 3 legislaturas (1952-1955, 1960-1964 e 1964-1969), antes de ter se candidatado e eleito prefeito de Salto, apoiado por um dos políticos de maior destaque na história da cidade, Vicente Scivittaro, o Chinchino, em 1955, com mandato no período 1956-1959. Por gostar de tomar aperitivos, às vezes exagerando (não necessariamente com pinga com limão), Hélio recebeu o apelido dos que eram opositores a sua candidatura. Ao invés de ficar bravo, o que poderia fazer com que o apelido o rotulasse para sempre, ele e seus companheiros de partido aceitaram-no de bom grado e inclusive o utilizaram na campanha daquele ano. Mandaram fazer centenas de garrafinhas com aguardente, com propaganda do candidato Hélio no rótulo, as quais foram distribuídas em toda a cidade.

O dr. Mário e seus companheiros de partido também adotaram o apelido “Maria Mole”, como fizeram os partidários de Hélio Steffen, mas não distribuíram o doce porque – como dizia maldosamente Chinchino (e o dr. Mário aceitava a brincadeira) – ele tinha cascavel no bolso, que o impedia de fazer despesas desnecessárias.

Foi uma das campanhas políticas mais renhidas da história de Salto, pois os dois candidatos a prefeito disputaram palmo a palmo a eleição, sendo eleito Hélio Steffen por uma pequena diferença (212 votos) sobre Mário Dotta. Hélio obteve 1.691 votos e Mário 1.479 (a votação de Iguatemosi não chegou a 100). O poder da cachaça foi mais forte.

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