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OPINIÃO

A duvidosa promessa do governador


Foi uma visita rápida do governador em exercício Rodrigo Garcia a nossa cidade, pois ele tinha compromissos também em outras da região, mas ela foi marcada por pelo menos uma de grande repercussão, por ser duvidosa, tendo em vista que é repetitiva. É a promessa de tornar o Rio Tietê limpo até 2030, o que já foi prometido por outros governadores, um dos quais, na década de 1980 prometeu que os saltenses iriam beber a água do rio até o final do século. Se bebessem, os dois cemitérios seriam insuficientes para o sepultamento de tanta gente.

O governador conta com o recebimento de 100 milhões de dólares do Governo Federal para aplicar na limpeza do rio, o que também é uma peça de ficção, pois ele é notoriamente contrário ao presidente Jair Bolsonaro e estamos em época eleitoral, quando ninguém dá chance para o adversário aparecer. Rodrigo Garcia demonstra ainda sua confiança de que poderá conseguir dos municípios ribeirinhos que efetuem o tratamento de esgoto, citando o caso do município de Guarulhos, que é um dos maiores poluidores de dejetos e que estaria propenso a realizar um serviço que deveria ser executado décadas atrás. Segundo o inquilino do Palácio do Governo paulista, referida cidade trata hoje 30% do seu esgoto e deve atingir 70% até 2024. Acredite se quiser.

Outras duas cidades, São Bernardo e Santo André, também estariam interessados em fazer a sua parte, no que se refere ao tratamento do esgoto e, com isso, pelo menos no entorno da capital a situação deve melhorar. Embora os efeitos dessa melhora poderão ser sentidos a jusante do rio e especialmente em Salto, não se pode garantir que a quantidade de objetos do “pacote” poluidor irá diminuir sensivelmente, pois as populações ribeirinhas jogam de tudo no leito do curso d’água e nós recebemos.

Deve-se levar em conta ainda a prioridade que o Governo do Estado está dando ao Rio Pinheiros, que é o mais paulistano dos rios e está merecendo uma atenção que não é dada ao Tietê. Rodrigo afirmou que o programa aplicado no Pinheiros pode servir de exemplo e esperança para o Tietê. No entanto, esperança é algo que os munícipes afetados pela poluição do Tietê têm há dezenas de anos, além de uma paciência cujo limite foi há muito tempo ultrapassada.

Falando em Pinheiros, o Inevat assegura que as medidas tomadas pelo governo estadual nesse curso d’água e em seu entorno, serão prejudiciais aos municípios que têm sido penalizados pelas enchentes, que devem aumentar, segundo o especialista Ismar Ferrari. Ou seja: Salto, que é a terra em que vivemos e cujos interesses defendemos, será ainda mais prejudicada, se a previsão for confirmada. Por isso, há necessidade de não só o Inevat, mas também outras entidades e principalmente o Poder Público, tomarem atitudes mais severas contra esse perigo que corremos.

Ao invés de melhorar, as coisas devem piorar e por isso uma omissão será altamente reprovável, pois o tempo passa e a situação piora cada vez mais.

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