QUEM FOI QUEM
Ferrúcio Celani foi investidor agrícola e responsável por loteamentos urbanos na cidade
Apesar de não residir em Salto, Ferrúcio Celani investiu na cidade, a partir de 1953, quando adquiriu uma propriedade agrícola do saltense Orestes Ferrari, transferida posteriormente para o Cartonifício Valinhos, pioneira na reciclagem no país, desde 1934. Inicialmente ele se dedicou à agricultura e pecuária em maior escala, numa fazenda com mais de 100 alqueires, que produziu em Salto muito leite, muito café, eucalipto e laranja, por longo tempo. Ele teve também participação na execução de loteamentos urbanos, juntamente com seus herdeiros, sendo responsável por dois bairros importantes, o Jardim Celani I e o Jardim Celani II. Esses bairros surgiram na década de 1970 e aos poucos foram ocupados por residências, estabelecimentos comerciais, prestadores de serviços, etc., constituindo-se dos mais importantes na cidade.
É no Jardim Celani I que se situa, por exemplo, o Hospital Nossa Senhora do Monte Serrat, em terreno que era localizado na fazenda de Ferrúcio, cuja instalação permitiu que o bairro fosse ocupado praticamente em sua totalidade. A construção do novo prédio do Hospital Municipal foi iniciada em 1979, no governo do prefeito Jesuíno Ruy e concluído no mandato do seu sucessor, prefeito Pilzio Nunciatto Di Lelli, na década de 1980.
Ferrúcio nasceu em Roma, Itália, em 5 de julho de 1.893, filho de Sigismundo Celani e Maria Antonia Toti Celani. Em 1896, quando ele tinha apenas 3 anos, sua família veio para o Brasil, fixando-se inicialmente em São Paulo. Em 1899 os Celani voltaram para a Itália, onde Ferrúcio fez os seus primeiros estudos. Voltando ao Brasil em 1905, ele continuou estudando, no Liceu de Artes e Ofício, além de frequentar um curso noturno na Escola de Comércio Alvarez Penteado, onde se tornou contador, em dezembro de 1914.
A partir de 1915 foi professor no Colégio Dante Alighieri, mas voltou novamente para a Itália, nesse mesmo ano, para ingressar no Exército Italiano, como voluntário, tendo participado da 1ª Grande Guerra Mundial. Permaneceu mobilizado até 1919, período em que recebeu a cruz do “Mérito di Guerra” e a medalha comemorativa dos 4 anos em campanha.
De volta ao Brasil, conseguiu um emprego de contador no Banco Italiano de Descontos; em 1920 ingressou na Indústria de Papéis e Cartonagem, ocupando um cargo no escritório de São Paulo, adquirindo as primeiras noções da indústria de papel e papelão. Em 1934 adquiriu uma propriedade agrícola em Valinhos, onde instalou o Cartonifício Valinhos, num local onde funcionava uma cerâmica, montando uma fábrica de papelão; arrendou a fábrica da Cia. Paulista de Papéis e Papelão, até 1941, quando fundou definitivamente o Cartonifício Valinhos, que existe até hoje.
Foi benemérito da Associação Nacional dos Fabricantes de Papel e Papelão (da qual foi o presidente); fundou a Associação Paulista dos Fabricantes de Papel e Papelão; cultor das artes, foi um dos fundadores do “Angelicum do Brasil” em 1953 e sócio fundador da “Sociarte – Sociedade Amigos da Arte de S. Paulo”.
Esteve em atividade em sua empresa até fevereiro de 1972 e o provérbio que norteou-lhe a vida foi: “Os fracos não começam pelo temor das dificuldades, os medíocres vencidos por estas, deixam de prosseguir depois de ter começado, mas aqueles que são dotados de ótimas qualidades não renunciam à obra iniciada, embora tenham contra si milhares de dificuldades” (provérbio sânscrito).
Família e homenagens – Em 16 de dezembro de 1922 Ferrúcio contraiu matrimônio com Maria Antonia Rosa Zagatti, de quem ficou viúvo e de cujo casamento nasceram 4 filhos: Maria Antonieta Alba, Luciana Maria Elizabeth, Sugismundo Romano José e Celina Maria Alba.
Faleceu em 21 de maio de 1972, deixando também 12 netos.
Ainda em vida, Ferrúcio oi homenageado, como em 6 de junho de 1971, quando recebeu do Consulado da Itália em S. Paulo a medalha, diploma e insígnias, no grau de Cavalliere e da Ordine di Vittório Veneto, bem como a medalha comemorativa do 50º aniversário da Vitória (1918-1968).
Comments