CAUSOS
O vendedor de amendoim que “ficou cego” de repente
Este me foi contado pelo Carlão Andreazza, um amigo que conta muitas estórias e lembra de muita gente. Aconteceu na Cooperativa Operária Saltense, que além do armazém e padaria que mantinha na esquina da Rua 9 de Julho com a Avenida D. Pedro II (atual Lojas Cem), também contava com salão de festas, canchas de bochas e dois locais para o jogo de baralho. Um deles ficava ao lado das canchas de bochas, onde as pessoas (idosas principalmente) jogavam só para se divertir, sem desembolso de dinheiro; o outro ocupava a parte superior do prédio, onde se jogava a dinheiro.
Um vendedor de amendoim, apelidado de “Barulho” (porque anunciava o produto dizendo “Amendoim do Barulho”), costumava sentar-se numa das mesas para acompanhar a atividade dos jogadores e, na maioria das vezes, cochilava. Uma noite um dos jogadores combinou com os demais pregar uma peça no coitado do homem. Em certa hora, depois de ele cochilar, mandaram fechar todas as janelas e apagaram as luzes do salão, mas continuaram com suas conversas, como se os jogos de cartas continuasse normalmente e fizeram um barulho bem alto para que ele acordasse. Vendo a escuridão, o homem perguntou sobressaltado:
- Por que apagaram as luzes? – ao que um deles respondeu:
- As luzes estão todas acesas, o senhor deve ter ficado cego.
Apavorado, o vendedor de amendoim levantou-se e seguiu sem rumo, chocando com as cadeiras e as mesas, até que um dos jogadores segurou-o e mandou acender as luzes, ao mesmo tempo em que dizia que era uma brincadeira.
Depois daquele dia, quando “ficou cego” por alguns minutos, o vendedor decidiu acompanhar os jogos de baralho na parte debaixo do prédio, onde havia muito menos perigo de “faltar energia”...