CAUSOS

O homem que inventou o sorvetão, sem querer querendo

Álvaro Ribeiro, um carpinteiro que trabalhava num pequeno salão, na Barra, às margens do Rio Jundiaí, entrou para a história sem querer querendo, como diria o Chavez. Ele fazia parte também da equipe que organizava os desfiles de carnaval do Cordão da Barra, com seus “bonecões”, “boizinhos”, etc.

Numa certa época de sua vida (anos 1960) ele passou a trabalhar no Bar da Ponte, que ficava do outro lado do rio e aos domingos ia vender sorvetes nos estádios de futebol. Quando ia para o campo do Guarani Saltense, um dos seus fregueses mais assíduos era o Tiorfo, um negro forte que carregava sacas de feijão, batata, etc., no depósito dos Irmãos Pittorri. Ele não se satisfazia com o tamanho dos sorvetes e por isso sempre reclamava com o Álvaro, que um dia resolveu fazer uma brincadeira: pegou um canudo de uma “bomba” de inseticida, limpou-o bem e usou-o para confeccionar um sorvete gigante, com cerca de 30 centímetros de comprimento. O palito ele fez em sua marcenaria.

No domingo levou o “sorvetão” ao campo e esperou o Tiorfo fazer o pedido. Quando ele o fez, Álvaro pegou o “sorvetão” e lhe entregou, ao mesmo tempo em que perguntou: “Era desse tamanho que você queria?”. Tiorfo sorriu e saiu se regalando com o sorvete, chamando a atenção das outras pessoas, algumas das quais foram até o carrinho querendo também comprá-lo, mas Álvaro só tinha aquele que entregou ao Tiorfo.

Na semana seguinte, porém, providenciou as formas especiais, palitos do tamanho adequado e passou a fabricar no Bar da Ponte os sorvetes gigantes, que Itu acabou aproveitando como uma das coisas grandes que oferece aos turistas. A repercussão ocorreu também em outras cidades, sendo vendido inclusive nas praias paulistas e em outros estados. Certa feita, por exemplo, Álvaro recebeu um pedido de uma sorveteria do Rio de Janeiro, que fabricava o “sorvetão e queria adquirir 1.500 palitos, os quais Álvaro fabricava em sua carpintaria, atendendo também outros pedidos dos que começaram a comercializar aquele sorvete gigante.