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CAUSOS

“Getúlio Vargas” aparece num velório saltense


Numa crônica publicada no jornal Taperá no ano de 1984, o pintor e ator saltense Hélio Rodrigues, relata um fato ocorrido num velório realizado na cidade. Ele focaliza um tipo popular que viveu em Salto nas décadas de 1950 e 1960, conhecido por todos como “Zé Macaco”. Era um trabalhador correto e pontual da Têxtil Assad Abdalla (atual York), mas sempre que estava de folga não dispensava a cachaça, até com um certo exagero. Então ele se transformava numa pessoa inflamada, fazendo discursos desconexos, com gestos largos e teatrais, repetindo sempre as mesmas frases, dentre elas “Eu sou Getúlio Vargas!”, “Meu pai é ouro e minha mãe é prata!”, terminando com uma sonora gargalhada.

Andava a esmo pela cidade e certo dia ele entra na casa de uma pessoa conhecida na cidade que havia falecido. Naquela época os velórios realizavam-se nas residências e “Zé Macaco” entrou na sala onde estava o caixão do falecido, meio cambaleante, mas não deixou de demonstrar o seu profundo respeito. Com o chapéu amassado entre as mãos, após o tradicional toque nas mãos roxas e geladas do finado, ele entra na fila dos votos de pêsames ao pai do defunto, que por ser cego, a cada cumprimento que recebia, perguntava com voz triste “Quem é você?”, para saber quem lhe estendia a mão.

Quando tal pergunta foi dirigida a “Zé Macaco”, o mesmo não deixou por menos e com a voz elevada ao máximo, que até fez eco na sala, respondeu:

- Eu sou Getúlio Vargas!

Muitos que assistiam à cena, tiveram que sair da sala, pois não conseguiam segurar a risada, enquanto o pai do morto se indagava se seu filho era tão importante assim para provocar a visita de um presidente da República em seu velório...

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