POLÍTICA SALTENSE
2 Câmaras de Vereadores na cidade: uma para cada gosto
Cada município brasileiro deve ter apenas uma Câmara Municipal, mas numa certa época Salto teve duas.
Isso aconteceu em 1961, quando a cidade contava com 11 vereadores, 6 da Situação (governo Vicente Scivittaro) e 5 da Oposição (que às vezes se transformava em 6, com a adesão de Henrique Milhassi). Naquela época as sessões legislativas realizavam-se no prédio da Prefeitura, localizado na Rua Dr. Barros Jr., ao lado da agência dos Correios. Era uma ampla sala, a que se tinha acesso através do corredor de entrada e como não era fechada, todos aqueles que ingressavam por esse corredor podiam assistir bem de perto às sessões, pois havia apenas uma divisória de madeira com cerca de 1m de altura, protegendo o local ocupado pelos vereadores.
A Oposição reclamava que havia interferência nos trabalhos, pois o próprio prefeito ou algum dos seus auxiliares (dentre eles Josias Costa Pinto) ficavam bem próximos das mesas dos edis e podiam cochichar com eles, orientando seu comportamento. Por isso os oposicionistas achavam que deveriam mudar o local das reuniões e então tomaram as devidas providências, sendo apresentado um projeto de resolução que autorizava a Câmara a alugar a sala térrea do Sindicato dos Mestres e Contramestres, na Avenida D. Pedro II, em frente à Delegacia de Polícia, terreno onde posteriormente foi construído o Fórum da comarca. O projeto foi aprovado, mas no dia 10 de maio de 1961, quando a Câmara passaria a funcionar na Avenida D. Pedro II, ocorreu o imprevisto: no mesmo horário (20 horas), vereadores da Situação se reuniram na Rua Dr. Barros e os da Oposição na Avenida, ocorrendo o fato inédito de duas câmaras funcionando ao mesmo tempo na cidade. O jornal O Liberal, comentando o assunto em editorial, dizia não saber se houve trapalhada por parte do presidente Henrique Milhassi ou má fé por parte da Situação, lamentando a ocorrência.
O problema se arrastou até os dias seguintes, pois os vereadores da Situação argumentavam que a Sede Central do Sindicato dos Mestres e Contramestres não havia autorizado o aluguel da sala. Adelino Matiuzzi, presidente do sindicato saltense, interveio e mostrou a autorização dada pela Central e isso animou a Oposição, que após uma discussão do prefeito Vicente Scivittaro com o presidente da Câmara, Henrique Milhassi, houve a mudança definitiva da Câmara para o prédio da Avenida D. Pedro II. Como a Prefeitura não cedeu funcionários para levar os móveis, arquivos, etc. que se encontravam no prédio da municipalidade, isso foi feito pelo próprio presidente Milhassi, vereador Mário Dotta, professor Odilo Della Paschoa e populares.
Com isso, a partir do dia 7 de junho daquele ano, Salto voltou a contar com “apenas” uma Câmara, que funcionou nas dependências da sede do Sindicato dos Mestres e Contramestres até junho de 1970, quando passou para o prédio atual.