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POLÍTICA SALTENSE

Redução drástica da verba de representação revolta o prefeito Jesuíno


Em 1976 o prefeito Jesuíno Ruy foi eleito para seu segundo mandato (1977 a 1983 – prorrogação de 2 anos), fazendo maioria na Câmara, pois foram eleitos pelo MDB (atual PMDB) 9 vereadores e apenas 4 da Arena, os dois únicos partidos então existentes. A partir do final de 1978, porém, começaram os desentendimentos entre alguns integrantes do MDB e o chefe do Executivo, inicialmente através do vereador Nelson Mosca e a seguir também com Eduardo Scivittaro, Antonio Lázaro Vendramini e Alcides Victorino de Almeida, nessa ordem. Esses quatro tiveram diversas divergências com Jesuíno e contribuíram para que vários projetos de lei fossem rejeitados ou adiados por várias sessões. Comentava-se na ocasião que os 4 peemedebistas iriam adotar uma atitude independente, comandados por um deles (Eduardo Scivittaro), o que realmente aconteceu.

Em certa altura, a divergência entre os 4 e Jesuíno Ruy se tornou bastante intensa, com muitas críticas ao prefeito, que respondia no mesmo tom. Uma atitude que demonstrou que as partes estavam mesmo divergentes foi a apresentação, em outubro de 1980 de um projeto de decreto legislativo que reduzia a verba de representação do prefeito de Cr$ 41.495,00 para apenas Cr$ 1.000,00. Ele foi apresentado pela Comissão de Finanças e Orçamento, que contava com 3 vereadores do MDB, rompidos com Jesuíno: Nelson Mosca, Eduardo Scivittaro e Antonio Lázaro Vendramini. Naquela época o prefeito tinha dois rendimentos: subsídios mais a verba de representação, que davam um total de Cr$ 103.740,00. Inicialmente a Câmara fixou para o ano seguinte a nova remuneração: 100 mil cruzeiros de subsídios e 50 mil de verba de representação, mas como houve esse desentendimento entre o prefeito e os vereadores, estes apresentaram um novo projeto, reduzindo a verba de representação para Cr$ 1.000,00, com o evidente propósito de prejudicá-lo. Como os opositores de Jesuíno passaram a ter maioria na Câmara, o segundo projeto foi aprovado, por 7 votos a 5, deixando de votar apenas o vereador Alcides Victorino de Almeida, por ser o presidente. Ele, porém, afirmou que se tivesse que votar se manifestaria contra, pois achou que se estava fazendo uma brincadeira de mau gosto com o prefeito, no que estava certo, pois principalmente os 3 do MDB que votaram a favor da propositura, sabiam que Jesuíno ganharia a questão na Justiça.

Isso realmente aconteceu, pois em janeiro de 1981 o juiz de Direito da comarca, dr. Hermenegildo Foltran Zamuner, confirmou a liminar que havia concedido ao prefeito Jesuíno em outubro de 1980, garantindo que ele continuasse a receber a verba de representação no limite fixado em 2/3 dos seus subsídios, tornando ineficaz o decreto legislativo que havia feito a redução.


Pescaria interrompida – O projeto de decreto legislativo que reduziu a verba de representação de Jesuíno para 1 mil cruzeiros, foi apresentado quando ele estava pescando com amigos no Mato Grosso. Foi avisado e imediatamente voltou para Salto, mas como seus amigos permaneceram no local da pescaria, ele voltou de ônibus. Só que, naquela época, não havia as facilidades de comunicação existentes hoje e por isso Jesuíno teve que descer na Rodovia Castelo Branco, próximo de Itu, e ir a pé até um posto de combustível, carregando uma mala pesada, sob sol escaldante, onde ligou para Salto, solicitando que alguém na Prefeitura fosse buscá-lo, tarefa que coube ao vereador e funcionário municipal Alcides Victorino de Almeida. Como não poderia deixar de ser, este ouviu reclamações recheadas de palavrões de Jesuíno contra aqueles que se posicionavam contra ele, interrompendo seu descanso e sua pescaria.

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