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CAUSOS

Uma tumultuada viagem de vereadores saltenses a Brasília


Para acompanhar a tramitação de um projeto de viabilidade da instalação de um Distrito Industrial em Salto, dirigiram-se a Brasília no dia 19 de outubro de 1974 os vereadores Fernando de Noronha, Miguel Orlandini e Ênio Padovani, além do diretor de Tributação Municipal, Sérgio Zanni. Viajaram no Dodge Dart da Prefeitura e ao faltarem cerca de 200km para chegar à capital federal, um caminhão basculante, dirigido por um jovem de apenas 17 anos de idade, atravessou a pista sem os devidos cuidados, abalroando o veículo saltense. Os quatro ocupantes do Dodge, dirigido por Noronha, sofreram ferimentos, o motorista levemente no braço, Miguel corte no peito, Ênio feriu-se na boca e Sérgio foi o mais infeliz, fraturando o braço.

Um veículo levou Sérgio e Miguel para um hospital da cidade mais próxima (Catalão), enquanto Noronha e Ênio ficaram aguardando a chegada de um guincho. Noronha tentou conversar com Ênio, mas ele não conseguia falar, até que constatou que havia perdido a dentadura e estava com a boca machucada. Ambos, então, passaram a procurá-la, dentro e fora do veículo, mas não a encontraram, até que Ênio percebeu que ela estava dentro de sua própria boca, mas virada ao contrário, cravada na gengiva. Ele teve, então, que ser encaminhado também para um hospital, a fim de que seus dentes artificiais pudessem ser retirados daquela situação incômoda...

“Terroristas”? – Os problemas dos vereadores saltenses não acabaram na estrada. Noronha e Ênio também foram para o hospital de Catalão, onde o atendimento era bastante precário, tanto que a enfermeira tirava os cacos de vidro dos braços de Noronha utilizando suas compridas unhas ao invés de um instrumento hospitalar.

No dia seguinte os quatro já estavam instalados no Hotel Nacional de Brasília e, depois de muito esforço, Noronha conseguiu comprar passagens para São Paulo, mas para apenas duas pessoas, ficando acertado que Sérgio e Miguel viajariam, enquanto Noronha e Ênio seguiriam no dia seguinte. Como iam viajar dali a alguns minutos, Sérgio e Miguel pegaram um táxi que seguiu em alta velocidade até o aeroporto de Brasília. Ao chegarem, depararam com um forte esquema da Polícia Federal, pois tinha acontecido um sequestro de avião. Estava quase na hora do voo e os dois viajantes ficaram desesperados com a demora na liberação dos passageiros. Finalmente chegou a vez dos dois, mas um policial desconfiou de Sérgio, que estava com o braço engessado e resolveu levá-lo para um local a fim de realizar um exame mais detalhado. Afinal, poderia ser um terrorista tentando esconder uma arma de fogo no meio do gesso. Miguel percebeu que se fossem levados para um outro ponto do aeroporto, poderiam perder o voo, por isso, inesperadamente, pegou Sérgio pelo braço e ambos correram em direção ao avião, enquanto os policiais corriam em seu encalço, gritando: “Terroristas! Parem, se não atiro!”.

Miguel e Sérgio só pararam na escada do avião, quando se identificaram e explicaram a pressa: tinham que pegar aquele voo de qualquer maneira. Os policiais acabaram percebendo que, pela conversa que tiveram, eles não eram terroristas coisa nenhuma...


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