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CAUSOS

Dormir em cama redonda de hotel? Essa não!


Nas décadas de 1970 e 1980, principalmente, os prefeitos em exercício e alguns vereadores participavam dos Congressos dos Municípios que eram realizados em cidades praianas e serranas, para atrair um número considerável de visitantes, que acrescentavam o agradável ao útil.

No ano de 1980, quando Jesuíno Ruy era o prefeito de Salto e Alcides Victorino de Almeida (“Cidão”) o presidente da Câmara, realizou-se um desses congressos na Praia Grande, do qual ambos participaram. Eles seguiram para aquela cidade no carro da Prefeitura, dirigido pelo Benedito Prado, que durante vários anos exerceu a função. “Cidão” me pediu para acompanhá-lo, pois o Tribunal de Contas exigia que o responsável pelos pagamentos do Legislativo fossem feitos pelo diretor de Contabilidade, Tesouraria e Pessoal, cargo que eu ocupava.

Seguimos os quatro para a Praia Grande e durante a viagem o prefeito Jesuíno já foi avisando que pretendia ficar hospedado na Colônia de Férias do Sindicato dos Papeleiros, naquela cidade. O “Cidão” protestou, dizendo que não iria para essa colônia, pois os saltenses teriam que ficar num quarto para quatro pessoas e Jesuíno e Dito Prado roncavam muito alto, impedindo os demais de conciliar o sono. Jesuíno acabou aceitando as ponderações do “Cidão”, que disse ter conhecimento de um hotel novo, recentemente inaugurado na Praia Grande, que segundo soube era moderno e muito confortável.

O carro da Prefeitura seguiu para lá, desembarcamos e nos dirigimos à recepção para nos identificar. Enquanto Jesuíno, “Cidão” e eu preenchíamos as fichas colocadas à nossa disposição, Dito Prado subiu para os dois apartamentos, acompanhando o funcionário do hotel que levava as malas.

Pouco depois, quando terminávamos de fornecer nossos dados, o Dito desce pelo elevador e cochicha para o Jesuíno:

- Prefeito: as camas dos apartamentos são redondas!

A reação do prefeito foi imediata:

- Camas redondas? É pra esse hotel que você nos trouxe, “Cidão”? Vamos para a Colônia de Férias!


Na Colônia de Férias uma jogada que não deu certo

“Cidão” não se conformava em ter que ir se hospedar na Colônia de Férias, pois sabia que lá iria passar as noites em claro, com o barulho dos roncos do Jesuíno e do Dito Prado. Mas, o que fazer?

Na primeira vez que fomos ao salão onde se realizavam as palestras, as discussões, enfim os assuntos programados para o Congresso, encontrei-me com um jornalista de Sorocaba, do jornal Cruzeiro do Sul, o Celso Victório de Toledo. Conversando com ele soube que estava hospedado num apartamento da Colônia que iria ficar vazio naquela noite, pois ele iria dormir na casa de um amigo no Guarujá. Perguntei-lhe, então, se podia nos ceder o apartamento e ele acedeu, informando que era só se dirigir ao número 35, entregando-nos a chave.

Fui até o “Cidão” e informei-o da novidade e ele gostou bastante, pois iríamos nos livrar dos roncos de Jesuíno e do Dito Prado. Ficamos até por volta de 23h30 na reunião do Congresso, após o que nos dirigimos ao apartamento indicado. Chegando lá tentamos abrir a porta com a chave que o Celso nos havia entregue, mas não serviu. Como havia uma luz acesa lá dentro, imaginando que o jornalista ainda não tinha ido embora, batemos na porta e ouvimos uma voz feminina perguntando:

- Quem é?

- Somos amigos do Celso e ele nos cedeu esse apartamento – respondemos.

- Não conheço nenhum Celso e este apartamento nos foi cedido pela Colônia, pra mim e pra minha amiga – explicou a voz feminina.

Olhei para o “Cidão”, ele olhou pra mim e o jeito foi voltar para o apartamento onde o Jesuíno e o Dito Prado roncavam tão alto que parecia que as paredes iam desabar...

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