POLÍTICA SALTENSE
Construir um monumento à Padroeira
era a obsessão de Jesuíno
Jesuíno Ruy proporcionou muitas histórias exóticas durante seus 3 mandatos como prefeito de Salto, algumas tidas como verdadeiras, enquanto outras não tiveram comprovação. Era um homem de pouco estudo, mas deixou sua marca na cidade, executando diversas obras importantes, dentre elas a imagem da Padroeira, hoje um de nossos principais pontos turísticos, o Ginásio Municipal de Esportes, o Hospital Municipal, a Avenida dos Migrantes, o Clube dos Trabalhadores e diversas outras. Era um apreciador de obras grandiosas e por isso era criticado pela oposição, que sempre via defeitos em suas ações, mas o tempo demonstrou que elas beneficiaram enormemente a cidade e hoje ele é considerado um dos melhores prefeitos que a cidade já teve.
Jesuíno, quando decidia fazer algum investimento na cidade, dificilmente mudava de opinião. Foi teimoso, por exemplo, quando botou na cabeça que Salto deveria construir um monumento em honra à sua Padroeira, Nossa Senhora do Monte Serrat, pois se dizia um devoto da Virgem. Desde a campanha eleitoral, realizada em outubro de 1968, ele prometia que executaria a obra e em seu primeiro mandato (1969 a 1972), decidiu que iria tornar sua ideia realidade. Considerou que a ilha localizada ao lado da ponte sobre o Rio Tietê (hoje ocupada pela Ponte Estaiada) seria o local ideal, mas necessitava de autorização da Light S.A. (atual CPFL Piratininga), que foi dada verbalmente ainda no primeiro semestre de 1972 e oficializada em dezembro desse mesmo ano, quase ao final do seu mandato. Acertou com uma empresa de São Paulo, a Indústria de Imagens Nossa Senhora da Aparecida, a construção da imagem na ilha, com 10 metros de altura, a qual deveria ser entregue no dia 12 de novembro, 3 dias antes das eleições municipais. A firma encarregada, porém, abandonou a obra ao seu final, alegando falta de pagamento da última parcela e por isso a Prefeitura teve que contratar outras pessoas para concluir o serviço, as quais não executaram um bom trabalho, pois no dia da inauguração (23 de dezembro de 1972), quando aconteceu uma cerimônia festiva, os saltenses constataram que a imagem era muito feia e pintada com cores berrantes.
O padre Mário Negro havia sido convidado para benzer a imagem, mas como tinham se verificado alguns desentendimentos entre ele e o prefeito Jesuíno, em virtude da forma de realização da Festa da Padroeira, ele não compareceu (realizava-se no dia da inauguração uma festa natalina em Jundiaí, à qual este jornalista compareceu, e verificou que o padre Mário ali se encontrava, com familiares. Depois ele se justificou, dizendo que havia se “esquecido” do compromisso). A bênção do monumento foi dada por um sacerdote ituano, convidado à última hora, segundo relata Ettore Liberalesso em seu livro “Salto – História, Vida e Tradição”, tendo acontecido alguns discursos, encerrando-se o evento com uma queima de fogos.
Dinamitada - No início da administração do prefeito que sucedeu a Jesuíno (Josias Costa Pinto), durante um temporal
caiu um dos braços da primeira imagem da Padroeira, que logo foi apelidada de “Santa Feia”, pois realmente o era. Em seguida, começaram a despencar outras partes do monumento, tendo Josias decidido dinamitá-la. Apesar de terem sido usados gesso e papelão na confecção da imagem, ela tinha uma base e uma coluna de tijolos e concreto, o que exigiu pelo menos 3 explosões de dinamite, até que fosse inteiramente destruída.