CAUSOS
Chulé de músico da orquestra ajudou a esvaziar o salão
Eram famosos os bailes no Clube Ideal, principalmente depois da inauguração da nova sede, em 1962.
As melhores orquestras do Estado de S. Paulo e até de outros estados vinham animar os bailes, destacando-se entre elas o Cassino de Sevilha, Roberto Ferri, Os Modernistas, Cacique de Tupã, Biriba Boys e outras. O presidente Manoel Dantas, conhecido por seu arrojo (foi ele quem comandou a reforma do Ideal), contratara a maioria dessas orquestras, mas apesar da grande frequência dos sócios, a arrecadação não era suficiente para enfrentar as despesas e por isso ele conseguiu cancelar alguns contratos. O primeiro com uma orquestra famosa, só foi suspenso na semana do baile e por isso atraiu muita gente. Dantas procurou contratar para esse dia a Orquestra Sambrasil, do Chiquito, que também era das mais renomadas, mas ela já tinha um compromisso e por isso acabou apelando para um grupo de Cabreúva, denominado “Luar Cabreuvano”.
Quando os músicos chegaram, notou-se que eram pessoas humildes, que tocavam na banda de Cabreúva. Vestiam ternos azuis, gravatas da mesma cor, uniforme típico das bandas interioranas, mas fazer o quê? Os presentes demonstraram sua boa vontade e acabaram aceitando a apresentação, a maior parte delas de músicas antigas, mas aos poucos se notou que o salão ia ficando cada vez mais vazio, assim como as mesas, pois muita gente ia embora. Observando-se melhor, veio a explicação: um dos músicos colocados à frente, num dos cantos da orquestra, tocava um instrumento de sopro, com as pernas cruzadas, enquanto um dos seus pés, calçando uma velha alpargata, balançava ostensivamente, ao som da música, quase esfregando no rosto dos que passavam perto, que logo perceberam o forte cheiro de chulé. Bem mais cedo do horário de encerramento, o salão ficou vazio e a orquestra percebeu que o jeito era parar. Aquele “luar” não tinha mesmo agradado...