OPINIÃO
Os apartamentos do Minha Casa
Há várias semanas tem sido comentada na Câmara a situação dos apartamentos dos dois conjuntos do programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal, construídos no Jardim Marília. Os alertas dos vereadores são para o fato de mais de 100 dos 487 apartamentos terem sido vendidos ou alugados, o que não é permitido pelo programa. Algumas das famílias que venderam ou alugaram o fizeram porque não se adaptaram ao sistema de vida dos conjuntos habitacionais, principalmente pelo fato de lá terem ocorrido diversas ocorrências que exigiram a presença quase constante da Polícia. Esta, aliás, em diversas vezes foi até impedida de ingressar nos prédios, em virtude da ação de traficantes, que lá se encontram praticamente desde a chegada dos proprietários dos apartamentos. Isso foi inclusive citado na Câmara, pelo vereador Edemilson Santos, que disse que o conjunto residencial é um “centro de drogas”.
Os compradores dos apartamentos são pessoas, em sua maioria, de baixa renda. Exigia-se, quando da comercialização feita pela Construtora Rio Branco, através da Caixa Econômica Federal, uma renda de até R$ 1.600, o que possibilitou a compra por parte de famílias humildes, que agora estão sofrendo com as inconveniências por parte daqueles que também compraram e estão utilizando os imóveis de forma ilegal. A Construtora Rio Branco fez a sua parte, construindo unidades de boa qualidade, mas o seu tempo de manutenção, de 2 anos, terminou e agora os prédios estão sob responsabilidade dos moradores e também da Caixa Federal. Quanto a esta, lamenta-se que não realizou um trabalho social, de seleção e orientação, mais apurado, não somente antes das vendas, mas durante e até depois. Ela, ao que parece, não atua de maneira eficaz, o que contribui para a lenta degradação de moradias que deveriam ser muito mais valorizadas, pois veio resolver a situação de muitos que ansiavam pela casa própria.