OPINIÃO
As divergências no reajuste da tarifa
Na situação atual pela qual o país e os brasileiros passam, falar em aumento, seja ele qual for, é pecado mortal que pode até levar ao inferno. Nem por isso deixam de subir os preços do tomate, da cebola, do feijão, assim como sobem os de diversos outros produtos, vegetais ou não, que todo mundo acaba aceitando, reclamando, mas sem fazer muito barulho, pois são reajustes considerados inevitáveis. Tem um, porém, que causa um alarido tremendo, no país todo: o aumento das tarifas dos ônibus urbanos (os intermunicipais não sofrem essa mesma pressão). Em algumas cidades chegam a queimar ônibus, carros cujos proprietários não têm nada a ver com o caso e outros vandalismos que a Polícia, quando tenta coibir, é chamada de violenta, pois os vândalos querem ser tratados a pão de ló quando cometem suas barbaridades.
Nestes dias está em discussão a solicitação da Auto Ônibus Nardelli, que deseja um reajuste na tarifa, argumentando que aumentaram os seus custos, houve queda no número de passageiros e cresceram as gratuidades para idosos, deficientes, gestantes, etc. Apresentou uma planilha em que ela demonstra que a tarifa correta seria R$ 4,17, mas a empresa considera que nem para ela lhe interessa receber esse valor, pois o número de passageiros cairia ainda mais. Aceita um valor bem menor, estudado pelo Conselho de Trânsito e Transporte, que está querendo tirar o corpo, “empurrando” para o próximo prefeito a decisão. Então por que existe o Conselho, se ele não se posiciona diante de um assunto que exige sua manifestação?
As divergências entre os que querem um reajuste (no caso a Nardelli) e os que não aceitam uma nova tarifa são grandes. O caso se transformou até em questão política, pois na última reunião do Conselho o inimigo tradicional da Nardelli, vereador Edemilson dos Santos, e vereadores eleitos se manifestaram para defender a manutenção do atual valor de R$ 3,40. Quanto a Edemilson, seu ódio da Nardelli é histórico e constante, num posicionamento irracional que mantém há anos. Os outros vereadores que se manifestaram, se posicionam diante de um assunto que interessa a todos, alegando defender os interesses da população, mas devem, em virtude da posição que ocupam, levar em conta os argumentos de ambas as partes. Os passageiros estão numa situação que os faz desejar que nenhum aumento lhes seja imposto, mas é preciso reconhecer que nenhuma empresa sobrevive se não tem condições de pelo menos equilibrar suas contas, como deve ser o caso da Nardelli. Ela tem reduzido o número de ônibus e de linhas, por falta de passageiros, dispensado uma boa quantidade de funcionários, além de outras medidas, mas está complicado obter uma dose maior de “oxigênio”, sem que isso penalize os que também passam por momentos difíceis: aqueles que pagam o preço da passagem.