POLÍTICA SALTENSE
Briga entre padre e prefeito tem
ponto culminante na procissão
A briga pelo controle da Festa da Padroeira provocou uma briga que durou vários meses, envolvendo o prefeito Jesuíno Ruy e o então padre Mário Negro. É que o sacerdote dirigia os festejos que se realizam no mês de setembro a seu modo: alugava os terrenos na área em que eles se realizavam na praça então denominada 31 de Março, inclusive das entidades assistenciais e religiosas, alegando que sua paróquia necessitava da renda desse evento para se manter. Em virtude desse posicionamento o padre Mário era criticado na Câmara por alguns vereadores, e até mesmo por Jesuíno quando ele era ainda candidato, nas eleições de 1976.
Ao assumir o mandato, Jesuíno alterou a forma de comemoração da chamada “festa profana”, aquela que se realizava na praça principal, passando-a para o controle de uma comissão por ele nomeada. Isso acirrou os ânimos entre as partes e o padre Mário aproveitava os sermões para criticar a atitude do prefeito, além de fazer publicações nos jornais da cidade, onde argumentava que se a festa era da Padroeira, ela pertencia à matriz, estranhando também que nas outras festas realizadas na cidade a Prefeitura não tivesse agido da mesma forma.
Na procissão – O bate-boca prosseguiu até o dia 8 de setembro, quando seria realizada a procissão em honra à Nossa Senhora do Monte Serrat. Depois da costumeira missa, as pessoas se postaram ao lado da igreja para a saída da procissão. Como era costume, ali também estavam as principais autoridades: o prefeito, vereadores e até mesmo o juiz de Direito, dr. Nilo Entholzer Ferreira, que costumava participar dos principais eventos realizados na cidade, todos eles postados em lugar de destaque, ao lado do andor da Padroeira. Quando o padre Mário chegou ao local, anunciou que a procissão não iria sair enquanto Jesuíno não saísse dali, pois ele havia “tirado a festa da igreja”. Isso provocou algumas discussões, inclusive com a participação do juiz dr. Nilo, amigo do prefeito, assim como do presidente da Câmara, Eduardo Scivittaro, que afirmavam que a atitude do sacerdote era absurda.
Como de nada adiantavam seus argumentos e do presidente da Câmara, o dr. Nilo chamou alguns policiais e ordenou que prendessem o padre Mário, se ele não voltasse atrás de sua decisão. Enquanto isso as pessoas se postavam nas calçadas, aguardando a solução, que demorou a sair, até que finalmente o padre Mário, percebendo que se insistisse a procissão aconteceria, resolveu autorizar sua saída.
Conversei dias depois com o dr. Nilo e ele me contou que durante a procissão o padre Mário passava por ele e perguntava:
- Como é, o senhor não vai mandar me prender? Prenda-me agora, se for homem.
Para evitar maiores consequências, ele resolveu deixar pra lá...