CAUSOS
Um pequeno corte no sapato que todo mundo notou
O gozador Jandir Pedroso da Silva convivia com vários amigos na cidade e um dos que mais apreciava era o Braz Fernandes Felizola, conhecido como “Braizinho Mineiro”, pois este era natural de uma pequena cidade (Rio Pomba) de Minas. Sempre que se encontravam eles conversavam muito, falando sobre os mais diversos assuntos.
Num sábado se encontraram nas proximidades do Clube Ideal, que ambos frequentavam assiduamente, e Jandir perguntou ao Braizinho se iria ao baile nesse clube, naquela noite. “Acho que não – respondeu Braizinho. Só tenho disponível este sapato e ele tem um pequeno corte no bico. Esqueci de comprar outro e agora o comércio já está fechado. Fica para outra vez”. Jandir insistiu: “Ora, Braizinho, a orquestra que vai se apresentar hoje é muito boa e esse não é motivo para não ir ao baile. Ninguém vai reparar nesse pequeno cortinho, ainda mais à noite”. “Você acha que não, Jandir?”. “Claro, vai ser uma bela noite, a gente se encontra lá”.
Braizinho, então, decidiu ir ao baile, mesmo com aquele cortinho na ponta do sapato, achando mesmo que ninguém iria notar. Enquanto isso, Jandir lhe aprontava uma: com todas as pessoas que encontrava e que sabia que não iriam perder o baile daquele sábado, contava que o Braizinho iria comparecer com um sapato cortado no bico. “Não digam que lhes contei, mas perguntem-lhe o que aconteceu com seu sapato”, pedia Jandir.
À noite foi só o Braizinho entrar no Clube Ideal que logo se encontrou com um amigo, que olhou para seu sapato e perguntou como o havia cortado. Logo a seguir aparecia um outro que lhe fazia a mesma pergunta e outro mais, mais outro. Braizinho não aguentou e depois do 10º ou 11º que notava o corte no bico do seu sapato, foi embora pra casa.
No dia seguinte encontrou-se com o Jandir que lhe perguntou se tinha ido ao baile. Braizinho, irritado, respondeu:
- Você disse que ninguém iria notar o corte no meu sapato, mas precisava ver: não teve um só que não reparou...