CAUSOS
Convite de missa pela alma de alguém que não morreu
É costume em Salto e em muitas outras cidades a publicação de Convites de Missa nos jornais, em memória dos que faleceram, o que permite que aqueles que não tomaram conhecimento do falecimento possam comparecer à missa de 7º dia, rezar pela sua alma e demonstrar seu pesar aos familiares.
O jornal O Liberal, que circulou em Salto de 1949 a 1964, procurava dar destaque à publicação dos convites de missa, o que nem sempre acontecia, pois naquela época (década de 1950) era pequeno o número de falecimentos ocorridos na cidade. Como o jornal não contava com balcão de anúncios, como acontece hoje, a pessoa que desejasse anunciar procurava o prédio onde o semanário funcionava (no caso de O Liberal na Rua 23 de Maio) e dava as informações para que o funcionário que o atendesse anotasse o dia, hora e local da realização da missa de 7º dia.
Certo dia um senhor conhecido na cidade como Mingo Bravo, se
dirigiu à oficina do jornal para solicitar a publicação de um convite de missa de um seu parente. Foi atendido pelo chefe da oficina, João Batista Silveira, o “João Cavaco”, que perguntou o nome ao Mingo, evidentemente se referindo ao falecido. Mingo pensou que João queria saber o seu nome e informou: Constantino Bravo. João nem desconfiou, achando que o nome certo do Mingo era Domingos e que Constantino deveria ser algum parente seu. Mingo pagou a publicação, foi embora e no sábado ele e muitas outras pessoas levaram um susto ao ver publicado na 1ª página de O Liberal o convite de missa pela alma de Constantino Bravo, ninguém menos que o próprio Mingo.
As pessoas se perguntavam quando o Mingo teria falecido, pois o tinham visto naquele sábado, com sua bicicleta, levando os sacos de carvão que entregava nas residências. Na segunda-feira o “falecido” foi até o jornal para provar que continuava vivo e exigir uma retificação.