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POLÍTICA SALTENSE

Surgia, em 1962 uma nova força política: Frente Operária


Na redemocratização do país, no final da década de 1940, existia em Salto praticamente apenas uma força política de expressão, comandada pela família Ferrari. Inclusive, três membros dessa família governaram a cidade, Hilário Ferrari (na década de 1930), João Batista Ferrari (Tita) e Orestes Ferrari, estes dois últimos a partir da redemocratização.

Havia alguns adversários políticos, mas uma força se formou apenas na década de 1950, comandada por Vicente Scivittaro, o “Chinchino”. Com o afastamento de Tita Ferrari, que assumiu o cargo de diretor da Caixa Econômica Estadual, em São Paulo, sua facção passou a ter como líder Archimedes Lammoglia. Passaram, então, a ser duas forças políticas: a “lamoglistas” e a “chinchinista), que se degladiaram durante a década de 1950 e o início da de 1960, quando surgiu uma terceira força, a Frente Operária.

Genésio Migliori, Adelino Matiuzzi e Eugênio Coltro, três fundadores da Frente Operária (fotos da época)

A Frente Operária surgiu inicialmente como um movimento, em fevereiro de 1962, criado por trabalhadores que faziam parte da diretoria do Sindicato dos Mestres e Contra Mestres da Indústria de Fiação e Tecelagem de Salto, dentre eles Antonio Ruy, Adelino Matiuzzi e Carlos Florindo. O movimento recebeu logo a adesão de Genésio Miglori, considerado também um dos fundadores da Frente Operária, que trabalhava na Brasital e escrevia nos jornais O Liberal e no Taperá, nos quais divulgava a nova facção.

O objetivo principal do movimento era para que houvesse uma maior participação dos trabalhadores nos vários setores da vida da cidade, principalmente o político, pois a classe era a mais numerosa de Salto, mas não contava com pessoas em número considerável que a representasse. Foi feito contato com um partido ligado aos trabalhadores, o MTR (Movimento Trabalhista Renovador), através do deputado estadual José Lurtz Sabiá, e logo a seguir foi formado o diretório municipal e lançado um manifesto ao povo, sendo considerados fundadores os que compareceram à instalação do referido diretório.

No ano seguinte foi apresentada uma chapa para disputar as eleições municipais, tendo Jesuíno Ruy como candidato a prefeito e Roberto Brichesi a vice, além de uma chapa de vereadores, composta pelas seguintes pessoas: Araldo Bertani, Eugênio Coltro, Miguel Orlandini, Mário Vicente, Adelino Matiuzzi, Corinto Antonio da Silva, Clementino Franco do Nascimento, Genésio Migliori, Luiz Balduino de Castro, Nelson Cabrera Lopes, Onofre de Angelo, Oscar Rodrigues, Pedro Rabachini e Renardo Pravata.

Mostrando que a população não estava satisfeita com as duas facções existentes, a Frente Operária foi bem votada, colocando-se em segundo lugar na eleição para prefeito e elegendo nada menos que quatro vereadores: Araldo Bertani, Eugênio Coltro, Miguel Orlandini e Mário Vicente. Perdeu para a facção “chinchinista” por cerca de 100 votos de diferença, mas venceu a “lammoglista”.

A Frente Operária prosseguiu até a década de 1970, mas aos poucos a antiga denominação foi sendo esquecida, pois vários dos seus membros se inscreveram em outros partidos. Teve o mérito, porém, de colocar um bom número de trabalhadores na atividade política, destacando-se principalmente Jesuíno Ruy, que era operário da Fábrica de Papel e acabou se elegendo por três vezes prefeito de Salto, além de Eugênio Coltro, que também se elegeu para a chefia do Executivo saltense, além de vários vereadores.

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