CAUSOS
- Valter Lenzi
- 30 de jan. de 2017
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Até gente era pescada com tarrafa no Rio Tietê
Até a década de 1950, pelo menos, o Rio Tietê era limpo e tão caudaloso como hoje (quando chove). Durante o ano todo dava para apreciar a beleza da cascata, mas nos meses de janeiro o espetáculo era ainda mais bonito, com a cascata “rugindo”, como se falava na época. Os pescadores aproveitavam, principalmente aqueles que utilizavam tarrafas ou outro tipo de material para capturar os peixes em grande quantidade. Havia, por exemplo, os que nadavam até a ilha de propriedade da Emae, onde havia um “canão”, onde colocavam um saco de estopa na sua “boca” de saída, e em pouco tempo se enchia de peixes de vários tamanhos. Outros iam com suas tarrafas e a cada “tirada” da água havia peixe em quantidade suficiente para o consumo de um número considerável de pessoas.
Entre esses últimos, um dos mais conhecidos era o Zau, irmão do Zeli e do Tiorfo, de uma família de negros moradora na Barra. Juntamente com ele havia outros “tarrafeiros”, que se expunham ao perigo, caminhando sobre as pedras lisas próximas à cascata.

Um deles, Dencler Caravelli, conhecido por “Nanin”, pulava de uma pedra para outra, quando inesperadamente caiu n’água. Zau fez uma primeira tentativa, que falhou, e “Nanin” rodou, chegando a afundar, mas logo abaixo segurou em algumas pequenas árvores. Zau tentou mais uma vez e desta feita conseguiu trazer “Nanin” a salvo para a margem, quando comentou satisfeito:
- Foi o maior peixe que consegui pescar em toda minha vida!