OPINIÃO
- Valter Lenzi
- 27 de fev. de 2017
- 2 min de leitura
Centro velho cada vez mais descaracterizado
Se alguém que conheceu Salto até o início da década de 1970 voltasse hoje à cidade, iria notar uma grande diferença. A Rua 9 de Julho, por exemplo, que teve sempre o maior número de estabelecimentos comerciais numa comparação com as demais vias, contava naquela época com apenas alguns poucos, em meio a um grande número de residências, que ultrapassavam a quantidade de comércios. Aos poucos os imóveis residenciais foram sendo vendidos e hoje são raros em cada quarteirão, onde habitam apenas os que resistem ao progresso e mantêm viva uma tradição imobiliária que não mais se justifica. Nos dias atuais, nossa principal rua não se restringe mais ao trecho antigo, que se iniciava na praça principal e ia pouco além do Cemitério da Saudade. Ela se expandiu e atinge agora a saída para Indaiatuba/Campinas, onde existem muitos estabelecimentos dos mais variados tipos. A diferença não atingiu apenas a 9 de Julho, mas diversas outras vias públicas do chamado centro velho, podendo-se citar as ruas paralelas à 9 de Julho, como a Marechal Deodoro, Prudente de Moraes, 23 de Maio e 7 de Setembro e as transversais, como a Monsenhor Couto, Dr. Barros Jr., Rui Barbosa, Avenida D. Pedro II, José Revel e Barão do Rio Branco. Dessas, as que tiveram maiores transformações, passando de predominância residencial para comercial foram a Prudente de Moraes, 7 de Setembro, Rui Barbosa e Avenida D. Pedro II, principalmente, que são as preferidas para a instalação de estabelecimentos comerciais, prestadores de serviço e profissionais liberais. Nota-se também no centro velho uma multiplicação de imóveis tradicionais que já foram e que estão sendo demolidos. Alguns, mais próximos à Praça da Matriz (Antonio Vieira Tavares), onde funciona o Ceunsp, se transformaram em estacionamentos para os muitos veículos de estudantes, que ocupam também praticamente todos os espaços das vias e logradouros próximos. Com isso, muitos vivem da renda que esses estacionamentos proporcionam, cuja criação é incentivada pelo Poder Público, que inclusive os isenta do pagamento do IPTU, garantido por lei municipal. Nos últimos dias, os imóveis de duas esquinas bastante antigas, a da Rua Dr. Barros com a 23 de Maio e a da Rui Barbosa com a 7 de Setembro estão desaparecendo, prevendo-se a instalação de dois estabelecimentos de crédito nesses locais. São construções que ficarão apenas na memória da população, dando lugar ao progresso e beneficiando o município com empregos, recolhimento de impostos e prestação de serviços para uma grande parcela da comunidade. É a evolução natural das coisas, que alguns saudosistas lamentam, mas que tem que se aceitar como inevitável.