POLÍTICA SALTENSE
Primeiro prédio do hospital foi motivo de divergências políticas
Em 22 de abril de 1946 foi constituída a Comissão do Hospital e Maternidade Nossa Senhora do Monte Serrat, mas apenas em 4 de setembro de 1955 o prédio foi inaugurado, depois de uma campanha que mobilizou toda a cidade. A princípio os políticos se uniram visando a construção, aplicando a verba que existia e que tinha sido transferida ao município pelo Governo Federal. Era uma importância apreciável e por isso ela foi usada na compra dos equipamentos, antes mesmo do prédio ficar pronto. Uma comissão, formada pelo vice-prefeito Heriberto Toledo Aranha, os médicos Archimedes Lammoglia e Adriano Randi, além do enfermeiro Luiz Milanez, foram a São Paulo e fizeram a compra. Nessa altura (1954) faltava ainda fazer o acabamento da obra, o que aconteceu nos meses seguintes.
Como o prefeito da época era Vicente Scivittaro, conhecido como “Chinchino”, logo começaram a haver divergências entre as duas facções políticas, a dele e a de Archimedes Lammoglia, que ainda não era deputado, mas liderava os que faziam oposição a “Chinchino”. Inclusive, Archimedes, em sua coluna “Ser Saltense”, do jornal O Liberal fazia críticas à forma como o Hospital e Maternidade estava sendo construído. Até mesmo antes e depois da inauguração do prédio, localizado na Rua José Revel, num quarteirão adquirido pela Prefeitura e onde também se instalou o Parque Infantil, NENHUMA notícia sobre tão importante fato foi publicado no jornal de propriedade do médico, que naquele ano tinha sido eleito vereador em São Paulo, mas que perdera as eleições em Salto. É que na ocasião acontecia uma campanha política, quando seu candidato à Prefeitura saltense, Mário Dotta, foi derrotado pelo candidato chinchinista, Hélio Steffen.
Como “Cinchino” tinha também o controle da Associação de Proteção à Maternidade e Infância de Salto, uma entidade particular que dirigia o Hospital e que tomava atitudes sem consultar o Poder Público, houve choque de interesses políticos. Os integrantes da facção política rival pressionavam, dizendo que essa Associação não fazia o controle financeiro das receitas e despesas do Hospital e Maternidade corretamente e que inclusive o já ex-prefeito Vicente Scivittaro se beneficiava dessa desorganização das finanças. Isso levou o prefeito Joseano Costa Pinto, em março de 1067, a expropriar aquela casa de saúde, através de decreto.
Esse decreto considerava que era necessário um entrosamento entre a diretoria da Associação e a administração municipal; que o município vinha destinando verbas substanciais para a manutenção do hospital e que a Associação tinha sido considerada de utilidade pública em 1962, por isso tomava posse da casa de saúde saltense. Foi nomeado interventor, com plenos poderes de gerência e administração, o médico José Mascarenhas de Oliveira, que era o médico-chefe do Centro de Saúde local.
O jornal Taperá, em virtude da importância do ato praticado pelo governo municipal, fez circular uma Edição Extra, com detalhes da expropriação, que não foi bem aceita pela facção chinchinista. Houve até uma tentativa de resistência por parte do então presidente da Associação, Nulbar Panossian, que alegou estar errado o decreto, pois se referia à expropriação do Hospital e Maternidade Nossa Sra. do Monte Serrat, quando o correto seria expropriar da Associação de Proteção à Maternidade e Infância. Muitas críticas eram feitas ao prefeito Joseano, mas de nada adiantaram e o Hospital passou a pertencer ao município, o que ocorre até os dias de hoje. Foi motivo, porém, de muitos artigos no jornal O Liberal e até de manifestações nas campanhas políticas no final da década de 1960 e início da de 1970.