OPINIÃO
Medidas que desgastam Geraldo
O prefeito Geraldo Garcia convive com um enorme problema: falta de dinheiro. Esse problema gera muitos outros, alguns dos quais se refletem na popularidade do chefe do Executivo saltense. Depois de uma votação expressiva no pleito de 2 de outubro de 2016, quando obteve mais de 50% dos votos, que poderia ter sido maior não fossem as ameaças de cassação do seu registro solicitada pela facção do ex-prefeito Juvenil Cirelli, ele assumiu em clima de euforia e as esperanças estavam todas voltadas para sua pessoa. Logo nos primeiros dias, porém, teve que tomar algumas atitudes prejudiciais a sua imagem, sob o argumento de que as dívidas deixadas pela anterior gestão eram consideráveis (em torno de 30 milhões de reais), além da arrecadação ter caído, da considerável inadimplência no pagamento dos tributos e outras questões que contribuíam e contribuem para que a situação seja mesmo muito difícil. A primeira medida com reflexos negativos foi a suspensão do Cartão Escolar, o que colocou contra sua pessoa os comerciantes saltenses que se beneficiavam das compras do material escolar feitas pelos alunos. E não foram somente os comerciantes do ramo, mas também outros que julgaram errada a medida e também pais de estudantes. A seguir veio o corte do transporte intermunicipal de alunos, que colocou contra Geraldo uma quantidade considerável dos que se dirigem (ou se dirigiam) a cidades vizinhas para frequentar cursos não existentes na cidade, além de seus familiares. Cerca de 20 ônibus levavam os alunos, número que se reduziu para dois ou três, pois parte deles teve que desistir do estudo ou preferir outros meios de transporte, como veículos particulares e vans de aluguel. Foram duas “cacetadas” com efeito imediato, provocando críticas a Geraldo, mas não foram as únicas. Primeiro tivemos a suspensão dos desfiles carnavalescos, que contou apenas com a participação dos blocos, auxiliados pela iniciativa privada, pois as escolas de samba, sem dinheiro, não puderam colocar seus integrantes na avenida. Na semana passada, mais uma notícia para se juntar às negativas: a suspensão do evento “Paixão de Cristo”, que há anos é promovido pela Prefeitura local. Para se ter uma ideia da repercussão dessa suspensão, quando a notícia foi divulgada no site do jornal, na tarde da última sexta-feira, em pouco mais de uma hora cerca de 10 mil internautas acessaram nosso site, a maioria delas para saber se a notícia era verdadeira. A justificativa do prefeito (falta de dinheiro) deve ser considerada. Ele, inclusive, mostra que está tomando outras atitudes visando a redução dos gastos, como a diminuição do número de comissionados, cortes de despesas, etc., mas esses setores atingidos por suas medidas são tradicionais e importantes para grande parte dos munícipes, por isso a insatisfação dos que dele fazem parte. Oxalá essas restrições possam ser amainadas ao logo deste ano ainda (não o carnaval e nem a “Paixão”, que têm datas determinadas) e que nos próximos com a provável melhora das finanças, tudo volte à normalidade.