POLÍTICA SALTENSE
Hélio Steffen: ótimo na oratória, ruim na escrita
Cada pessoa tem suas próprias aptidões: uma consegue fazer trabalhos manuais com perfeição, outra memoriza grande número de fatos e datas em que ocorreram, outra ainda se dá bem cuidando de crianças e idosos, enfim as habilidades atingem os mais diversos setores e isso é muito bom. O que seria de nós se existissem apenas especialistas em alguns poucos trabalhos ou tarefas?
Uma pessoa que atuou nos meios políticos saltenses se destacou sobremaneira na oratória. Em nossa opinião foi o maior orador que vimos nos comícios, nos eventos realizados na cidade, enfim em todos os locais em que havia necessidade de alguém se manifestar. Referimo-nos a Hélio Steffen, que foi vereador à Câmara Municipal de Salto de 1952 a 1955, 1960 a 1964 e de 1964 a 1969. Foi também prefeito de Salto no período de 1956 a 1959. Inicialmente militou nas hostes chinchinistas, sendo inclusive apoiado por Vicente Scivittaro, o “Chinchino” em sua eleição para a Prefeitura, mas depois houve um desentendimento e ele passou para a facção adversária.
Muita gente ia para os comícios que precediam as eleições municipais especialmente para ouvir Hélio Steffen. Ele tinha uma voz privilegiada e mais que tudo injetava emotividade em suas manifestações, fazendo até brotar lágrimas nos olhos dos que o ouviam. Embevecidas ficavam também os que assistiam a sua oratória na Câmara e como prefeito, orgulhando-se de Salto contar com orador tão apreciado, inclusive pelas altas autoridades que visitavam Salto na época. Diz-se, inclusive, que numa das visitas de Jânio Quadros à cidade, ele se surpreendeu com o discurso de Hélio, na praça principal da cidade.
Pelo fato de cobrir para o Taperá as sessões da Câmara, eu sempre tinha a oportunidade de conversar com Hélio e, numa dessas ocasiões, eu o convidei para publicar alguns artigos de sua lavra no jornal, mas ele afastou de pronto a possibilidade:
- Posso ficar duas horas ou mais falando de improviso, mas não sou capaz de escrever uma só linha.
Insisti, mas acabei lamentando não conseguir que uma mente tão privilegiada como a sua atendesse meu pedido. Ele tinha muitas aptidões na oratória e nenhum na escrita.