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CAUSOS

A anunciada chegada de um tufão em Salto


Difícil algum carro, moto ou avião que tenha maior velocidade que a de um boato. Isso ficou provado em junho de 1982, quando foi divulgado que um tufão iria atingir Salto, provocando enormes estragos. A princípio o boato começou bem modesto: um vento mais forte que o normal chegaria à cidade, mas aos poucos ele se transformaria em tempestade, chegando ao aterrador tufão.

Parecia o fim do mundo. As pessoas não sabiam como se preparar para a chegada do visitante indesejável, que deveria atingir também outras cidades da região, como Itu e Sorocaba. Em Salto e nesses municípios alunos foram dispensados das aulas nas escolas; nas residências as pessoas se muniam de velas, lanternas e lamparinas; as famílias reunidas revezavam-se ante altares improvisados; pecadores confessavam seus pecados, mesmo sem a presença de um padre; credores perdoavam os devedores; caloteiros lamentavam a chance de não ter feito um número maior de compras fiado; muitos choravam e a maioria olhava para os céus, aguardando o horário do acerto de contas com a natureza.

Nas emissoras de rádio da região, procurava-se acalmar as pessoas: “Vai ser apenas uma chuvinha mais forte”, dizia uma; “O furacão saiu de Londrina e deve chegar na região por volta das 21 horas”, como se ele tivesse embarcado nos ônibus da Viação Garcia, que faz a linha Paraná-São Paulo, dizia outra.

Um canal de televisão anunciava “E o vento levou...” e foi alvo de muitos protestos, pois achavam que seria um incentivo à chegada do furacão.

Por volta das 24 horas, depois de uma angustiante espera, os moradores da região se convenceram de que o anunciado furacão fora um tremendo blefe. Mas, segundo se comentou na época, no dia seguinte houve até um sujeito que lamentou a vinda frustrada do furacão, dizendo que o Brasil é um país tão subdesenvolvido, tão pobre, tão miserável, que nem furacão passa por aqui...

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