POLÍTICA SALTENSE
- Valter Lenzi
- 29 de mai. de 2017
- 4 min de leitura
Como Jesuíno, Geraldo Garcia foi
eleito 3 vezes prefeito de Salto

José Geraldo Garcia, atual prefeito de Salto, foi vitorioso em três eleições municipais, igualando-se a Jesuíno Ruy, que também venceu no mesmo número de pleitos. Jesuíno, porém, leva vantagem na quantidade de anos à frente do Executivo saltense: 14 anos, enquanto Geraldo, se completar o atual mandato, terá chegado aos 12 anos. Isso ocorreu porque o ex-prefeito se beneficiou na gestão iniciada em 1977, que deveria terminar em 1981, mas que foi prorrogada pelo Governo Federal para 1983.

A carreira política de Geraldo teve início em 1989, quando ele foi assessor (ainda não haviam sido criados os cargos de secretário) de Esporte e Turismo (assessorias que eram anexadas), na administração de Eugênio Coltro. Teve uma atuação destacada, tanto no setor turístico como no esportivo, merecendo o apoio de Coltro na implantação, por exemplo,

do Museu da Cidade na área turística e promovendo um grande número de eventos esportivos, podendo-se citar, dentre outros, evidentemente com a supervisão do prefeito, a realização dos Jogos Regionais em Salto, no ano de 1991. Com o término desse governo, em 1992, ele foi convidado pelo prefeito de Itu, Lázaro Piunti, para ocupar a Secretaria de Turismo da vizinha cidade, assumindo o cargo em abril de 1993. Uma das grandes realizações de Piunti foi a implantação do Parque do Varvito, para a qual contou com a imprescindível participação do seu secretário Geraldo.

Começou a participar de eleições municipais em Salto em 1992, quando foi candidato a vice-prefeito na chapa de João Guido Conti, que foi 2º colocado, com 11.006 votos, cerca de 5.000 votos a menos que o vencedor Jesuíno Ruy. Em 1996, candidatou-se a vereador e foi o mais votado, com 1.886 votos, considerada a maior porcentagem proporcional (levando em conta o número de eleitores da cidade). Nessa legislatura, fez parte

da Mesa da Câmara. Quatro anos depois (2000) candidatou-se novamente a vereador e foi o 3º colocado, com 1.134 votos, atrás de João Leite Ramalho (1.394) e Luiz Carlos Batista (1.344). Nessa eleição ele seria candidato a prefeito, tendo inclusive lançado sua candidatura pelo PSDB, mas o partido resolveu apoiar outro candidato (Ângelo Domingos Nucci) e Geraldo acabou disputando a vereança por outro partido, sendo eleito pela segunda vez. Foi eleito nessa legislatura presidente da Câmara, cargo que ocupou nos anos de 2001 e 2002.

Graças a uma boa atuação na Câmara, Geraldo foi eleito prefeito em 2004, com uma das maiores votações já registradas na cidade: 31.718, quase o dobro do segundo colocado (Ângelo Domingos Nucci), que teve 16.457 sufrágios. Graças a um governo de muitas realizações, foi reeleito em 2004 com uma votação ainda maior: 45.441 votos, quase 4 vezes mais que seu principal oponente

(novamente Ângelo Domingos Nucci), que obteve 10.574 votos. Seu vice-prefeito nas duas eleições em que se sagrou vencedor foi Juvenil Cirelli, do PT, com o qual uniu forças. No entanto, no início de 2012 houve o rompimento entre ambos, por iniciativa de Geraldo, que alegou convivência difícil com os petistas. Ele indicou para sucedê-lo Gilmar Mazetto, seu secretário nos 8 anos de mandato (e na atual gestão também), que ficou em segundo lugar com 13.806 votos, perdendo exatamente para Juvenil, que alcançou quase o dobro da sua votação: 36.282 votos.
Obstáculos na volta ao Executivo em 2016

Em virtude do desentendimento com Juvenil Cirelli, Geraldo teve muita dificuldade para se candidatar novamente a prefeito em 2016, após 4 anos afastado da administração local. Pretendia ser candidato a deputado estadual em 2014, pelo PP, mas acabou decidindo não participar, tendo em vista que avaliou ser muito difícil se eleger, pois iria necessitar de um número bastante elevado de votos. Quando ele resolveu concorrer à Prefeitura, em 2016, teve

sua candidatura impugnada pelo Partido dos Trabalhadores (leia-se Juvenil Cirelli e sua equipe) e por um cidadão, o que fez com que vivesse momentos de expectativa até que a Justiça local e o Tribunal de Justiça decidissem que ele poderia ser candidato. Tem contra si ainda processos da época em que foi prefeito, os quais até agora não transitaram em julgado. Com isso ele tem condições de prosseguir no cargo, podendo até terminar o mandato, caso não seja condenado.
Após 8 anos de governo tinha quase 80% de aprovação

Nos seus 8 anos de mandato, Geraldo Garcia foi bem avaliado pela população, principalmente nos primeiros 4 anos, quando teve a oportunidade de se sobressair, com muitas obras e melhoramentos para a cidade. Deixou a Prefeitura com quase 80% de aprovação, coisa que dificilmente acontece depois de 8 anos de mandato. Em seu governo a situação financeira do município não era tão preocupante, o que contribuiu para que fizesse um bom trabalho. Dentre as muitas ações positivas que realizou, pode-se destacar as seguintes, consideradas as principais:

O setor de Turismo foi o que mais recebeu sua atenção, pois sempre reconheceu que a “indústria turística” é muito importante para o município, por criar empregos e renda. Pode-se destacar nessa área sua maior conquista, que foi a obtenção da verba junto ao governador Geraldo Alckmin para a construção da Ponte Estaiada (mais de 24 milhões de reais). Também foi importante a implantação do Memorial do Rio Tietê, incluída num Complexo que atrai

principalmente alunos de escolas de outras cidades, podendo ainda trazer mais turistas se houvesse uma divulgação maior e a adoção de algumas providências no que se refere à infraestrutura do turismo como um todo. A transformação do prédio do antigo Clube dos Trabalhadores em Biblioteca Municipal também foi importante, assim como a remodelação de algumas avenidas, dentre elas a Hilário Ferrari. Pode-se citar ainda a implantação da Avenida 9 de Julho, da Praça da Saudade até a saída para Indaiatuba, com a consequente melhoria da rua com o mesmo nome, no centro da cidade. Uma de suas grandes obras foi o Centro de Educação e Cultura, destinado ao ensino, mas também abrigando um dos melhores teatros da região e quiçá do Estado, denominado “Sala Palma de Ouro”, em homenagem ao cineasta Anselmo Duarte.

Um dos principais senões dos seus 8 anos foi uma obra na qual foi aplicada a verba de 1,4 milhão de reais, conseguidos pela deputada federal Aline Correia: a ciclovia, construída num local inadequado, com defeitos e que não tem sido utilizada em virtude disso. Geraldo justifica a obra, dizendo que a população e a imprensa não a entenderam, mas na realidade foi um valor gasto inadequadamente, o que não o deslustrou, tanto que conseguiu voltar ao cargo em 2016, com boa vantagem sobre os demais candidatos: 30.782 votos, aparecendo em 2º lugar Laerte Sonsin, com 11.376 e Juvenil Cirelli em 3º, com 11.243.