POLÍTICA SALTENSE
- Valter Lenzi
- 5 de jun. de 2017
- 4 min de leitura
Depois de 2 tentativas frustradas,
Juvenil Cirelli se elegeu em 2012

O ex-prefeito Juvenil Cirelli teve uma longa carreira na política saltense (completaria 30 anos em 2018), inicialmente como vereador, depois como vice-prefeito e por último como prefeito de Salto. Antes de ingressar na política, trabalhou na Eucatex e nessa época tornou-se sindicalista, atuando no Sindicato da Construção e do Mobiliário.

Candidatou-se a vereador pelo Partido dos Trabalhadores pela primeira vez em 1988, sendo eleito como 2º colocado do partido, com 550 votos (o primeiro foi José Roberto Merlin, com 1.121 votos). Reelegeu-se vereador em 1992, pelo PT, sendo o primeiro colocado do seu partido, que se coligou com o PSB e PV, com 530 votos.

Em 1996 candidatou-se a prefeito, também pelo Partido dos Trabalhadores, mas não foi feliz, classificando-se no último lugar entre seis candidatos, com apenas 2.970 votos. Voltou a se candidatar a prefeito no ano 2000 e novamente foi derrotado, mas sua votação melhorou: 10.090 votos, ficando em 3º lugar, atrás de Pilzio Nunciatto Di Lelli (19.523 votos) e de Ângelo Domingos Nucci (12.114).

Animado por essa última votação, Juvenil pretendeu ser novamente candidato à chefia do Executivo local. Seu grupo havia se unido ao de Geraldo Garcia e como este também queria ser candidato, foi realizada uma pesquisa que apontou Geraldo como o preferido. Juvenil aceitou a derrota, embora ficasse contrariado, segundo se

soube depois. A vitória da dupla foi fácil na eleição de 2003: 31.178 votos contra 12.114 de Ângelo Domingos Nucci, o 2º colocado. O PT exigiu algumas secretarias importantes no acerto dos dois grupos, com a da Educação e da Saúde e o acordo durou cerca de 7 anos, pois no início do 8º ano (2012)

Geraldo resolveu rompê-lo, alegando que não haveria mais forma de convivência com os petistas, que não estariam agindo coletivamente com seu grupo, criando problemas para sua administração. Esse rompimento repercutiu muito mal para Geraldo, favorecendo Juvenil, que se candidatou na eleição de 2012, a qual venceu com uma diferença bastante folgada sobre Gilmar Mazetto, o candidato apoiado por Geraldo: 36.282 a 13.806.

Nos seus 4 anos de governo Juvenil teve altos e baixos, podendo-se citar uma providência que o tornou impopular logo no primeiro ano de mandato: a implantação de um novo Código Tributário e nova Planta de Valores, que aumentaram considera-velmente o IPTU de 2014, provocando uma enxurrada de reclamações de muitos que tiveram reajustes no tributo superiores a 1.000%, chegando alguns casos a mais de 4 e 5 mil por cento. Os

novos cálculos do imposto tiveram como responsável o secretário das Finanças, Pedro Galindo, vindo de fora, com atuação em outras prefeituras comandadas pelo PT. Apesar da reação popular contra a cobrança exagerada do imposto, Juvenil não se convenceu e até o final do seu mandato considerou que a medida foi uma das melhores tomadas em sua gestão, pois deveria aumentar a arrecadação. Isso, porém, não aconteceu, pois a inadimplência mais que dobrou, passando de 16% para 35%.

Outra atitude condenável de Juvenil, talvez com a participação do mesmo Galindo, foi a aplicação num banco privado, o Rural, o que lhe valeu questionamentos na Justiça e até processo. Após sua saída da Prefeitura tomou-se também conhecimento que havia deixado uma dívida superior a 20 milhões de reais (o que ele contesta), deixando até mesmo de contabilizar novas fiscais. Essa dívida está sendo negociada, mas o município ao final vai ter que desembolsar uma grande quantia, que vai onerar ainda mais os combalidos cofres municipais. Tudo isso também contribuiu para piorar sua imagem perante os eleitores, que demonstraram sua insatisfação, proporcionando-lhe uma votação pífia na sua tentativa de reeleição, ficando atrás, inclusive, de um político novado (Laerte Sonsin) e muito longe do seu maior rival, Geraldo Garcia. Nessa eleição Juvenil concorreu pelo PDT, pois deixou o PT meses antes do pleito, talvez prevendo que sua militância no partido poderia prejudicá-lo no pleito, em virtude da corrupção envolvendo o partido.

Apesar de não merecer a confiança dos saltenses em 2016, Juvenil realizou algumas obras e tomou algumas providências importantes. Pode-se citar, por exemplo, o que realizou em relação ao abastecimento de água da cidade, aumentando a capacidade da barragem do Piraí, a reforma que fez na Estação de Tratamento do Bela Vista, além de outras obras na rede de água e esgoto, beneficiando bairros como o Jardim das Nações, por exemplo. Foi bem ainda no setor ambiental, colocando Salto na 17ª colocação do Selo Azul da Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Não realizou grandes obras, mas conseguiu junto aos governos estadual e federal verbas importantes que lhe permitiram fazer algumas melhorias no município. Apesar de Geraldo ter conseguido a verba para a construção da Ponte Estaiada, ele colaborou com o Governo do Estado nessa obra, fazendo a parte que lhe cabia.
Fim de carreira? – Juvenil anunciou, nos últimos dias do seu governo, que iria encerrar sua carreira política, não devendo mais disputar cargos eletivos, embora não pretenda ficar completamente dos fatos políticos. Deve-se registrar que por mais de 35 anos ele integrou o Partido dos Trabalhadores, pelo qual sempre concorreu, transferindo-se para o PDT em 2016, pelo qual participou de sua última disputa. O motivo teria sido o desgaste do anterior partido, com muitas denúncias de corrupção.
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