POLÍTICA SALTENSE
Durante um bom período políticos e
industriais não se entenderam
Hoje a administração municipal só falta estender um tapete vermelho para receber novas empresas, principalmente do ramo industrial, que proporcionam um número maior de empregos. Durante um bom período da vida do município, porém, os homens que faziam parte da Câmara Municipal (no final do século IXX englobava também o Executivo) travaram sérias disputas com os industriais, com a participação até mais efetiva da Câmara de Itu.
Começou na década de 1880, quando o dr. Barros Júnior, que ocupava uma cadeira na Câmara ituana, se desentendeu com José Galvão, que havia implantado a primeira fábrica de tecidos na cidade, passando depois para as mãos de diversas pessoas ou empresas. Para uma boa parcela da população, na época, os industriais locais “aspiravam assenhorar-se de Salto, como se ele fosse a terra de ninguém”, conforme cita Luiz Castellari em seu livro “História de Salto”. A causa principal desse desentendimento girava em torno da propriedade das áreas que confrontavam com o então Largo da Matriz. José Galvão havia estendido uma cerca de arame farpado, impedindo o trânsito público (pedestres e veículos) numa rua ao lado da igreja (Bela Vista). Como a Câmara de Itu havia aprovado uma proposição do dr. Barros Jr. para que o terreno fosse desapropriado judicialmente, José Galvão apelou para o imperador D. Pedro II, alegando que as áreas em frente e aos fundos de sua indústria deveriam ser de sua propriedade, tendo o imperador aceito suas alegações. José Galvão chegou a proibir a passagem dos pescadores pela Rua do Porto, que ficava às margens do Rio Tietê, mas as pessoas continuaram a transitar pelo local, sem que fossem molestadas.
Outra área alvo de disputa foi a do antigo Largo do Riachuelo ou do Rocio, entre a Rua do Porto e a “Pedra Alta”, que era toda arborizada com palmeiras imperiais, ao lado da queda d’água. Segundo Luiz Castellari, “essa contenda perdurou por muitos anos, tendo as Câmaras Municipais dispendido grandes somas para manter seus direitos de posse e domínio”. O problema só foi resolvido em 1910, quando os sucessores de José Galvão aceitaram fazer um acordo que resolvia a questão. Segundo Anicleide Zequini, em seu livro “O Quintal da Fábrica”, os industriais ficaram de posse das áreas contíguas à indústria, inclusive a Rua do Porto, mas em contrapartida se comprometeram a construir um mirante e uma ponte metálica para permitir o acesso dos pescadores a toda a margem direita do Rio Tietê. Surgiu, então, a Ponte Pênsil, construída em aço e madeira, construída em 1913.