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POLÍTICA SALTENSE

  • Foto do escritor: Valter Lenzi
    Valter Lenzi
  • 14 de ago. de 2017
  • 4 min de leitura

A água sempre foi um grande problema, praticamente

em todas as administrações

As mulheres lavavam roupas às margens do Rio Jundiaí quando a cidade ainda não tinha água encanada – 1910

Apesar de ser banhada por dois rios e diversos cursos d’água menores, Salto sempre teve problemas com o abastecimento de água para a população. Durante pouco mais de dois séculos (da fundação, em 1699, a 1912) não existia rede de água na cidade. Nesse período praticamente todas as residências tinham poços em seus quintais ou então os moradores que não os possuíam se abasteciam nas inúmeras bicas existentes.

No final do século XIX passou-se a pensar-se na necessidade da então vila contar com uma rede de água e esgotos. Em 1904 foram realizados estudos pelo prefeito João Galvão de Barros França para a implantação da rede de água e esgoto. Nessa época as roupas dos habitantes continuavam a ser lavadas sobre as pedras às margens do Jundiaí e Tietê, aproveitando as águas desses rios ainda não atingidas pela poluição. Enquanto isso não ocorria, um vereador sugeriu que o líquido fosse distribuído nas casas por carroças, o que ocorreu por algum tempo (governo de Domingos Fernandes da Silva, 3 mandatos). As águas eram retiradas do Rio Jundiaí, mas não havia nenhuma forma de tratamento. Uma providência efetiva aconteceu em 1910, quando o prefeito José Nastari abriu a possibilidade de empresas apresentarem propostas para a criação de uma rede de água e esgotos, surgindo a Cia. Paulista de Melhoramentos, que se ofereceu para fazer a construção, a fim de que cada munícipe

As águas do Rio Jundiaí eram limpas e piscosas quando eram captadas para abastecer a população – 1913

recebesse 200 litros diários por um período de 25 anos.

A Câmara acabou autorizando a assinatura de um contrato com Arthur C. Kruy e Eloi de Miranda Alves para a construção de uma rede para abastecimento de água na cidade e de uma rede de escoamento dos esgotos. A partir de então a água deixou de ser retirada do Rio Jundiaí, passando a ser utilizada a do “Piraizinho”, que deve ser o hoje conhecido como Ribeirão Piraí. Arthur e Elói transferiram em maio de 1911 os direitos recebidos para Mário Tavares e Carlos Emilio de Azevedo Marques, que concluíram os serviços da rede de água em 1912 e aprontaram, no ano seguinte, a de esgotos. Nessa época Salto contava com 5.000 habitantes e 700 prédios. Um ano depois surgia a Empresa de Água e Esgoto S.A., que executou o serviço durante um certo espaço de tempo.

Pela lei número 1, de 12 de maio de 1913, os cidadãos ficavam obrigados a “construir latrinas e instalar os aparelhos sanitários”, cabendo à Empresa de Água e Esgotos “fazer os ramais para as ligações domiciliares até as guias dos passeios”. A cobrança da taxa de consumo de água era feita de acordo com o valor locativo dos prédios e chegava a pouco menos de 20% desse valor. Era proibido fornecer água ao prédio vizinho: cada um tinha que ter sua própria ligação. A desobediência da determinação era punida com o corte do abastecimento. Os habitantes de Salto pagavam muito caro pela água que consumiam, talvez em função do pequeno número de ligações que existia na época (as pessoas mais humildes mantinham os poços em suas propriedades).

O prefeito Joseano, deputado Lammoglia, vereadores Mário Dotta e Eugênio Coltro, assim como os cidadãos Pedro Pinheiro e José Maria Servilha tomam conhecimento das propostas para a construção da adutora do Piraí – 1967

A Brasital S.A. assumiu o encargo da manutenção da rede de água e esgoto por volta de 1920, mas nem por isso contava com a aprovação total dos vereadores da época, que a criticavam por pretender se beneficiar, dominando não só a Empresa de Água e Esgotos, mas também a Cia. Ituana de Força e Luiz, que fornecia a energia elétrica para a população. A responsabilidade da Brasital pela rede de água e esgoto prosseguiu até o primeiro governo de Vicente Scivittaro (1952 a 1955), quando passou a incumbência para a Prefeitura. Nessa época a cidade já era abastecida pelo Córrego da Conceição, apesar deste localizar-se em terras do vizinho município de Itu.


Adutora do Piraí – A providência mais importante para o sistema de abastecimento de água da cidade aconteceu no governo do prefeito Joseano Costa Pinto (1964-1968). Em seu mandato a maior parte do município passou a ser abastecido pelas águas do Ribeirão Piraí, tendo ainda sido construída a Estação de Tratamento de Água (ETA) no Parque Bela Vista.

Devido à grandiosidade da obra, foi necessário recorrer à Caixa

Prefeito Joseano, deputado Lammoglia, vereador Antonio O. Ferrari e outros verificam a colocação da tubulação ligando o Piraí à Estação de Tratamento de Água – 1967

Econômica Estadual, que fez um vultoso empréstimo à Prefeitura (450 milhões de cruzeiros) em setembro de 1966. Para que isso fosse possível, Joseano contou com a colaboração do deputado Archimedes Lammoglia, que fazia parte da base do governo estadual, bem como de outros políticos da esfera paulista e também dos vereadores saltenses, que aprovaram o projeto. Foi realizada uma licitação para a execução da obra, a qual foi vencida pela empresa Rosa Aquino.

A tubulação saindo do Piraí com direção à Estação de Tratamento de Salto, passou em sua maior parte pela propriedade do cidadão Alcides Pironhe, que não opôs obstáculos para que isso ocorresse. A ETA, aliás, não pôde ser concluída no final do governo do prefeito Joseano, como estava previsto, tendo sido inaugurada no primeiro ano do seu sucessor, Jesuíno Ruy (1969-1972).

A atual Estação de Tratamento de Água, obra iniciada pelo prefeito Joseano foi inaugurada pelo sucessor, Jesuíno Ruy; cônego Ivo procede a bênção, assistido pelo prefeito, sua esposa, deputado Lammoglia, prof. Dalla Vecchia e outros - 1969

Em governos seguintes foram realizadas diversas obras tanto na Adutora do Piraí como na Estação de Tratamento de Água, tendo em vista o crescimento do número de habitantes e o surgimento de diversos núcleos residenciais, condomínios, etc. Hoje a cidade é bem servida pelas águas do Piraí e também pelas do Córrego Buru, cuja adutora foi inaugurada no governo João Guido Conti (1997-2000), contribuindo para melhorar o abastecimento principalmente na região noroeste.

 
 
 

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