OPINIÃO
Uma festa que já provocou muitas discussões
A Festa do Salto acontecerá pela 319ª vez neste ano, pois se realiza em honra à Padroeira desde o primeiro ano de existência do município, em 1698, conforme os registros históricos, inclusive os documentos religiosos. Não sabemos por que a Igreja considera que esta é a 131ª festa, conforme divulga em sua programação. Seja como for, é uma festa que já proporcionou muitas discussões, envolvendo os vigários da matriz de Nossa Senhora do Monte Serrat e as autoridades locais. As últimas aconteceram nos anos de 1960 e 1977. Em 1960, o prefeito Vicente Scivittaro (Chinchino) fez algumas exigências que levaram o padre auxiliar, Luiz Gonzaga de Mello Camargo a desistir de promover a festa na praça principal, realizando-a nas imediações da matriz, o que, aliás, aconteceu nos primeiros anos do festejo. Dizia-se na época que Salto passara a ter duas festas: a “de Deus”, ao lado da igreja, e a “do Diabo”, na praça principal. A “de Deus” não teve muito sucesso, pois havia apenas algumas peças de um parque de diversões e as barracas de sorteio de brindes, dirigidas por entidades religiosas. A “do Diabo” contava com um parque maior, barracas onde se vendiam produtos dos mais diversos e outras atrações que atraiam muita gente. Durou pouco essa divisão da festa em duas, mas em 1977 houve novo desentendimento entre o vigário da matriz, padre Mário Negro, e o prefeito Jesuíno Ruy. Na época havia muitas reclamações contra o sacerdote, partindo principalmente das entidades como Rotary, Lions, Apae, etc., que não aceitavam ter que pagar pelo aluguel do terreno que ocupavam na praça durante o evento. Isso levou Jesuíno a assumir o festejo, nomeando uma comissão responsável pela sua realização. Desta feita a festa não se dividiu em duas, mas o padre Mário (pouco depois promovido a monsenhor) passou a promover quermesse e leilão de prendas ao lado da igreja a partir do segundo ano sem realizar a festa na praça, aumentando aos poucos as atrações, com o surgimento do restaurante que passou a funcionar no Centro Comunitário. Em duas oportunidades as barracas com a venda de variados produtos na festa foi proibida. Na primeira vez, em 1968, uma lei de autoria do vereador Mário Vicente autorizou apenas as firmas comerciais, industriais e agropecuárias a se instalar na praça e o fracasso foi enorme. Teve um ano também (1996) que ela aconteceu na Abadia de São Norberto, mudança que também não vingou nos anos seguintes. Hoje a Festa da Padroeira, ao lado da Matriz, se estabilizou e se realiza sem pretensões de voltar à praça, atraindo um número às vezes até maior que a Festa do Salto. Isso ocorreu mesmo quando houve a paz entre Igreja e Prefeitura e atualmente quem se preocupa mais é esta última, pois tem que promover o festejo sem apresentar muitas novidades em relação aos anos anteriores.