CAUSOS
Um galo que dançava, uma das
atrações da Festa do Salto
Havia na cidade, na década de 1950, uma figura muito conhecida, pois participava praticamente de todos os eventos, inclusive em comícios, como apresentador. Chamava-se Raul Moura Campos, o “Raulzinho”, a simpatia em pessoa, bem falante, agradável, prestativo, sobretudo espirituoso. Quando se punha a contar as peripécias da vida boêmia que levava, o que fazia com a voz rouquenha (por isso era chamado por alguns “Raulzinho Bronquite”), as pessoas ficavam atentas e nos lances cômicos desandavam em risos demorados, enquanto ele entremeava os relatos com sua tosse irreprimível.
Não dispensava o terno bem passado e a gravata vistosa, inclusive nos jogos de futebol, na A.A. Saltense, para os quais quase sempre ia ao encalço do juiz da partida, discretamente, na maioria das vezes alcançando bons resultados.
Ele fazia parte de uma espécie de “troupe”, integrada por Afonso Carola (pai de Januário), Zalfieri Zani (“Fuga”), Tico da Gina, Silvio Strada (“Fogo”) e Ditinho Cabreuvano. Na Festa do Salto e em outras festas realizadas em diversas cidades, eles se uniam e montavam uma barraca na qual faturavam um bom dinheiro. Distribuíam vários brindes, como charutos de péssima qualidade, bonequinhas, carrinhos, etc., aos que adquiriam números de um sorteio, que “pescavam” peixinhos ou que exigiam outros tipos de habilidade.
Passaram a ganhar muito mais quando inventaram um “Galo Dançarino”, evidentemente ideia de Raulzinho. Realmente o galo dançava, só que para que isso acontecesse, eles submetiam a ave a um enorme sacrifício que não era percebido por quem assistia à apresentação. É que eles colocavam o galo em cima de uma chapa de ferro, com fogo embaixo, e o pobre animalzinho, para não queimar os pés, era obrigado a erguê-los seguidamente, parecendo que dançava.
O sucesso foi muito grande e durou um bom tempo, rendendo um bom dinheiro, pois naquela época não existia nenhuma Sociedade Protetora dos Animais por estas bandas...