POLÍTICA SALTENSE
Aumento para vereadores em hora de
jogo da Copa acabou na Delegacia
Uma das poucas vezes em que um tumulto na Câmara de Salto foi matéria da grande imprensa, inclusive da TV Globo e de outras emissoras de TV, aconteceu na véspera do jogo Brasil x Dinamarca pela Copa de 1998. Era uma sexta-feira, dia 3 de julho de 1998, quando deveria se realizar uma sessão 1 hora antes da partida da Seleção Brasileira. Nela deveriam ser votados aumentos para os vereadores e também para o prefeito, vice e secretários, o que seria ilegal, pois a fixação dos subsídios e salários só podiam (e podem) ser estabelecidos de uma legislatura para outra.
O presidente Djalma Nery alegou ter se baseado numa emenda ao artigo 19 da Constituição Federal, recentemente aprovada, que a Câmara poderia fixar as remunerações dos agentes políticos, argumentando que a emenda não esclarecia quando isso poderia acontecer.
Um grande número de pessoas compareceu ao Legislativo local, além de sindicalistas, que pressionaram os vereadores a não votar o projeto que os beneficiaria. Alguns vereadores e partidos políticos consideraram abusivos os valores a serem fixados e por isso não houve quórum para o início dos trabalhos, o que fez com que o presidente Djalma ficasse impedido de abrir a sessão. Não compareceram porque não foram notificados ou porque eram contra os aumentos os vereadores Ângelo Nucci, Gilberto Pedersolli, Jades Martins de Mello, Luciano Zinsly, Erasmo Rocha dos Santos, Célia Coa, Ernani Soares M. de Souza, Geraldo Garcia e Nativo Alves Guedes.
Discussão – Quando o presidente Djalma Nery dava entrevista às emissoras de TV (Globo e Record), foi criticado em voz alta por sindicalistas presentes, travando-se uma discussão entre eles, inclusive com convite para “brigar lá fora”, além de algumas expressões mais fortes. A Guarda Civil Municipal foi chamada e, com sua presença, houve uma calma momentânea, mas logo em seguida surgiram novas discussões em frente à Câmara, o que levou as partes a se dirigirem à Delegacia de Polícia.
Lá foram registrados 3 Boletins de Ocorrência: um pelo presidente Djalma contra o presidente do Sindicato dos Químicos Jurandir Gonçalves Mendes, advogado Romeu Bicalho, jornalista Mirna Scalet Bicalho e presidente do Sindicato dos Metalúrgicos Cláudio Domingos da Silva; outros dois por Jurandir, presidente do Sindicato dos Químicos, contra o presidente Djalma, acusado de abuso de autoridade e de ameaça.
Os envolvidos ficaram na Delegacia até o final do primeiro tempo do jogo Brasil x Dinamarca.