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POLÍTICA SALTENSE

A partir de 1982 as pesquisas e enquetes

do Taperá anteciparam Os resultados das eleições


Até as eleições municipais realizadas em 1982, os eleitores saltenses não podiam prever quem venceria a disputa pela Prefeitura de Salto. A partir desse ano o jornal Taperá passou a realizar pesquisas eleitorais que demonstraram, com acerto de quase 100%, os mais prováveis vencedores.

Isso era possível porque sempre foi feito um trabalho não só honesto, mas também eficiente, pois a cidade foi dividida inicialmente em 5 regiões (centro, Bela Vista, Jardim Saltense, Monte Serrat e Nações), cada uma delas com os bairros mais próximos. Era levado em conta o número de eleitores em cada região e, por exemplo: se o Centro tinha 45% de eleitores, era consultada uma quantidade de pessoas correspondente a essa porcentagem. Isso fazia com que dificilmente se cometesse erros, por isso o jornal obteve ainda mais credibilidade a cada pleito realizado.


Eleição de 1982 – Em 1982 disputaram 7 candidatos a prefeito, mas logo na primeira pesquisa realizada chegou-se à conclusão que os mais prováveis vencedores seriam Eugênio Coltro e Pilzio Nunciatto Di Lelli. Na última pesquisa, divulgada no dia 30 de outubro daquele ano, esses dois candidatos apareciam praticamente empatados: Coltro com 31,59 e Pilzio com 31,04%. Pilzio acabou vencendo porque nas últimas duas semanas se empenhou mais na disputa. Quando o último resultado foi publicado no dia 30/10, o então prefeito Jesuíno Ruy nos procurou para perguntar se poderia confiar no levantamento eleitoral que realizávamos. Respondemos que sim, por isso ele passou a exigir de Pilzio mais empenho, porque até aquele dia o candidato apenas comparecia aos comícios e não saia às ruas para pedir votos. Como isso passou a acontecer, depreende-se que conseguiu os votos necessários para superar Coltro, verificando-se uma variação de 3,66% na votação de Pilzio, enquanto a de Coltro foi de apenas 0,54%. O próprio Coltro reconheceu depois do pleito, que o Taperá “abriu os olhos” de Pilzio, por isso ele superou sua votação nos últimos dias de campanha.


Eleição de 1988 – Tínhamos tanta confiança na pesquisa que realizávamos, que nas eleições de 1988 publicamos o resultado da última pesquisa no dia da apuração de votos, realizada no Clube dos Trabalhadores. Quando a apuração começou, iniciamos a distribuição do Jornal de Quarta, que mostrava praticamente um empate entre Eugênio Coltro e Jesuíno Ruy. Adotamos esse procedimento para não prejudicar o candidato Coltro, como tinha ocorrido na eleição de 1982. Se tivéssemos revelado antecipadamente que a diferença de Coltro (1º colocado) para Jesuíno (2º) era de apenas 0,18%, este último poderia intensificar sua campanha nos últimos dias, visando uma reação, o que poderia ter acontecido. Ocorreu justamente o contrário: Coltro teve 6,2% a mais do previsto pela pesquisa, enquanto a diferença de Jesuíno foi insignificante: 0,50%.


Eleição de 1992 – A possibilidade de empate não foi aventada pelo Taperá na eleição de 1992, ao contrário do que tinha acontecido nas duas anteriores. Por isso realizamos nosso trabalho sem a preocupação de influir no resultado. Desta feita, Jesuíno aparecia sempre com vantagem sobre os outros 3 candidatos (João Conti, Pilzio Di Lelli e Izaquel Pinto dos Santos). As variações entre o resultado da pesquisa e da eleição foram praticamente insignificantes nesse ano: Jesuíno teve apenas 2,10% de votos a mais; na votação de Conti o acerto foi em cheio: 0,0%; na de Pilzio 0,20% e na de Izaquel 1,40%.


Eleição de 1996 – Outra vez nesse ano dois candidatos disputaram a 1ª colocação palmo a palmo, na pesquisa realizada. José Carlos Rodrigues da Rocha apareceu em 1º lugar até a última pesquisa, mas com uma diferença bem pequena sobre João Conti: 0,13%. Na eleição, Conti disparou e isso também tem uma explicação. Após a divulgação do último resultado da pesquisa, poucos dias anteriores ao pleito, foi revelado que Zé Carlos e Conti estavam praticamente empatados. Alguns dias antes um integrante da facção de João Conti (Wanderley Rigolin) me ligou perguntando como estava a pesquisa. Não costumo informar, mas como a diferença entre ambos era pequena, respondi que havia um “empate técnico”. Posteriormente, achei que deveria dar a mesma informação ao Zé Carlos, para ser imparcial. Liguei para ele e o informei sobre referido empate, mas Zé Carlos pareceu não acreditar, respondendo: “Já ganhei as eleições, não preciso me preocupar”. Enquanto ele demonstrou uma confiança que não iria ser confirmada, o pessoal do Conti intensificou a campanha nos últimos dias e teve 7,4% a mais dos votos previstos na pesquisa, enquanto Zé Carlos alcançou apenas 1,7%.


Eleição de 2000 – Desta vez também não houve dúvidas: Pilzio Nunciatto Di Lelli apareceu bem em todas as pesquisas realizadas e foi eleito prefeito, com uma variação na última de 4,60% (41% na pesquisa e 36,4% na eleição), bem à frente do 2º colocado, Angelo Domingos Nucci (21,7% na pesquisa e 22,6 na eleição, diferença de 0,9%).


Eleição de 2004 – A partir de 2004 as pesquisas feitas por jornais passaram a ser proibida, sendo permitidas apenas as enquetes, um levantamento de opiniões que não utiliza método científico. Nem por isso, porém, o índice de acertos diminuiu. Nesse primeiro ano, por exemplo, apontamos José Geraldo Garcia como vencedor com 46,1% e ele obteve 44,9% de votos, com uma diferença de apenas 1,2%, bem à frente de Ângelo Domingos Nucci, que teve 24,3% na enquete e 34,1% na eleição.


Eleição de 2008 – O acerto se repetiu nessa eleição, quando Geraldo Garcia foi reeleito: 78,3% na enquete e 80,1% na eleição, com diferença de apenas 1,8%. Desde a primeira enquete Geraldo despontou em 1º lugar e permaneceu nessa posição até o final da campanha. Seu concorrente mais direto, novamente Ângelo Domingos Nucci, apareceu na enquete com 16,2% e na eleição obteve 18,6% (diferença de 2,4%).


Eleição de 2012 – Nesse ano o jornal Taperá inovou, pois além de fazer enquetes, também contratou uma empresa especializada, que realizou 2 pesquisas na cidade. Curiosamente, as enquetes do jornal tiveram mais acertos do que as pesquisas da empresa. Por exemplo: Juvenil Cirelli, o candidato eleito, teve 42,6% na pesquisa, enquanto na enquete ele obteve 54,7%, apenas 0,15% a menos do que Juvenil conseguiu na eleição (53,2%). O 2º colocado, Gilmar Mazetto, teve 11,9% na pesquisa da empresa especializada, 16,1% na enquete do Taperá e 20,2% na eleição (diferença da eleição para a enquete de 4,1%).


Como não pôde apresentar o resultado da enquete, o Taperá publicou um “anúncio cifrado” no caderno de Classificados, em 30 de setembro de 2016 (véspera da eleição)

Eleição de 2016 – Nessa eleição o Taperá não pôde divulgar enquetes e nem contratou uma empresa para fazer pesquisa. No entanto, realizou três enquetes durante a campanha para seu uso próprio e a última foi divulgada no dia 3 de outubro, quando a eleição aconteceu, num “classificado cifrado”. Nele constou, por exemplo, que Geraldo teria mais de 40% dos votos e realmente teve: 51,0%; Juvenil Cirelli e Ângelo Nucci de 10 a 20% (Juvenil teve 18,6% e Ângelo 11,5%). A previsão foi errada em relação ao candidato Laerte Sonsin, que aparecia em 4º na enquete, mas ultrapassou Juvenil na votação, obtendo 18,8%. A explicação dada é que muitos eleitores temeram que Geraldo não pudesse tomar posse, se fosse eleito, pois tinha contra ele um processo na Justiça e dois pedidos de cassação do registro da candidatura, por isso votaram no Laerte, que acharam preferível a Juvenil.


Resumo dos acertos e erros:

No período de 1982 a 2016 tivemos 9 eleições, mas num resumo dos erros e acertos vamos considerar apenas 8, pois na última não publicamos antecipadamente o resultado da enquete realizada.

1 – Houve nas 8 eleições 97,3% de acertos e apenas 2,7% de erros.

2 – Nas 8 eleições (36 candidaturas a prefeito) somente em duas (1982 e 1996) não houve acerto na colocação dos candidatos. No entanto, registramos no último resultado apresentado que houve “empate técnico” entre eles, ou seja, qualquer um dos dois apontados em cada pleito poderia vencer.

3 – Os índices de acertos foi muito grande, pois, no que se refere às porcentagens dos candidatos, somente em 4 das 36 candidaturas apontadas a variação foi superior a 4,6% (margem de erro):

1 vez houve acerto “na mosca” na variação: 0,0%

15 vezes a variação foi inferior a 1% (um por cento)

9 vezes a variação foi inferior a 2% (dois por cento)

4 vezes a variação foi inferior a 3% (três por cento)

2 vezes a variação foi inferior a 4% (quatro por cento)

1 vez a variação foi inferior a 5% (cinco por cento)


Quem fazia – As pesquisas e as enquetes feitas pelo jornal Taperá eram feitas por pessoas de confiança da direção do jornal. O próprio diretor, Valter Lenzi, e o redator e contato publicitário João Carlos Ratti, percorreram os bairros saltenses nas primeiras pesquisas, sob um sol inclemente, mas outros integrantes da equipe do jornal, inclusive os jornalistas colaboraram nos levantamentos. Para cada um deles era entregue uma quantidade de cédulas, assim como eram designados os locais onde deveriam atuar e depois todo o material era reunido, ficando a cargo da direção a contagem dos votos recebidos.

Wilson Amaral, o “Careca”, um dos que mais realizaram pesquisas e enquetes na cidade

Uma pessoa de confiança que se destacou na coleta dos votos em várias eleições, até antes mesmo do seu falecimento, foi Wilson Amaral, o “Careca”. Teve pesquisa ou enquete que ficou somente a seu cargo visitar todos os bairros da cidade, pontos de ônibus, etc. e seu trabalho sempre foi realizado com muita responsabilidade e honestidade, o que redundava em acertos que não podiam ser contestados. O Taperá recebeu diversas reclamações informando que o “Careca” tinha ido a locais onde sabidamente certos candidatos seriam beneficiados, mas a direção tinha certeza que isso não ocorria, razão pela qual sempre confiou em seu trabalho.


Jornal recebeu propostas para alterar o resultado de pesquisas

Em duas ocasiões o jornal Taperá foi procurado por políticos para alterar o resultado das pesquisas realizadas. Isso aconteceu em 1982 e em 1988. Na primeira vez a proposta foi feita por um político falecido anos depois. Ele aparecia muito mal na pesquisa para prefeito e nos chamou na sala da presidência da Câmara de Salto e quis saber como a pesquisa era realizada, por quem, se os resultados divulgados realmente expressavam a opinião dos consultados, etc. Respondemos que a pesquisa era honesta e que se ele pretendia se eleger teria que trabalhar muito mais. Ele então perguntou se por uma importância considerável aceitaríamos “aumentar seu percentual”, pois isso iria influenciar muitos eleitores. Repelimos a oferta e dissemos que nada poderíamos fazer.

Na segunda vez um outro político que fazia parte de uma chapa nos procurou, trazendo um resultado de pesquisa que ele desejava que fosse publicada no lugar da nossa e que mostrava a vitória de um candidato que aparecia muito mal na pesquisa que realizávamos. Revelou, inclusive, que o jornal O Trabalhador (que havia sido vendido para uma pessoa de nossa cidade) havia aceito a oferta e se propusera a publicar o resultado por 30 mil reais e para o Taperá a importância poderia ser bem maior. Da mesma forma como da primeira vez, repelimos a proposta e mantivemos a conduta honesta que sempre norteou o nosso trabalho, não só nas pesquisas, mas em todas as outras atitudes nos mais de 50 anos de existência.

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