POLÍTICA SALTENSE
Pesquisas e enquetes do Taperá causaram
muitas críticas e até ações judiciais
Desde a realização da primeira pesquisa realizada pelo jornal Taperá, em 1982, aconteceram reclamações e críticas por parte de praticamente todos os candidatos. Num editorial publicado no dia 6 de novembro desse ano, era ressaltado que a pesquisa realizada teve uma coisa em comum: desagradou a todos os candidatos e isso, na opinião do articulista, demonstrava que o jornal agia corretamente, sem procurar beneficiar nenhum deles.
As pessoas que faziam as críticas diziam que os encarregados da pesquisa colhiam as opiniões acompanhados de candidatos e que distorciam o resultado apurado. Ficou demonstrado, no entanto, que isso não era verdade e que a pesquisa fora feita corretamente, pois as variações entre ela e a eleição não ultrapassou 3,66% (candidato Pilzio N. Di Lelli) nesse ano. As dos outros candidatos foram menores: Eugênio Coltro 0,54%; Eduardo Scivittaro 0,82%, José Roberto Merlin 3,17%, Renardo Pravatta 2,44%, Servilho Basale 0,02% e Rafael Bertolli Neto 0,02%.
O jornal Taperá não publicou as pesquisas em 1988, como fez em 1982, pois sua direção entendeu que, como aconteceu na eleição anterior elas poderiam interferir na votação dos candidatos (opinião que a partir da eleição seguinte, 1992, deixou de ser considerada). Por isso praticamente não foram registradas críticas ao jornal, o que só aconteceu após o pleito, pois muitos acharam que o jornal não deveria publicar a única pesquisa realizada apenas no dia da eleição. Essa foi, porém, uma atitude corajosa e demonstrou a certeza na eficácia do trabalho realizado.
Nessa edição que circulou no dia da apuração, outros dois jornais da cidade (O Trabalhador e Opção) garantiam antecipadamente que a disputa seria entre Coltro e o candidato apoiado pelo prefeito Pilzio (Vitório Matiuzzi), mas a previsão do Taperá (disputa entre Coltro e Pilzio) foi confirmada.
Em 1992, numa nota publicada um dia antes da eleição (2 de outubro) o diretor do Taperá foi o autor de um comentário no qual garantia que a pesquisa realizada e divulgada era honesta e que isso seria provado na eleição realizada no dia seguinte, como foi. Ele lamentava que candidatos, cabos eleitorais e outras pessoas tivessem feito acusações levianas contra a direção do jornal, inclusive contra sua própria honra. Jesuíno Ruy, como se previa, foi o eleito (36,4% na pesquisa e 38,5% na eleição), com grande diferença sobre João Conti, 2º colocado (26,0% na pesquisa e 26,0% na eleição – acerto “na mosca”).
Uma pressão ainda maior aconteceu em 1996, pois os candidatos tinham chegado à conclusão que aquele ou aqueles que aparecessem nos primeiros lugares tinham grandes chances de se eleger e por isso era necessário desmoralizar o levantamento feito, para que os outros candidatos também tivessem chance. No dia seguinte à eleição desse ano fizemos um comentário sobre as pressões e os fatos pitorescos ocorridos durante a campanha. Citamos o caso da acusação a uma das 4 pessoas encarregadas do levantamento, que segundo os denunciantes seria parente de um dos candidatos a prefeito. Constatamos que era, mas um parente muito longínquo: filho do irmão da avó do candidato. Mesmo assim fizemos uma checagem nos locais visitados por esse pesquisador e o resultado por ele fornecido foi confirmado.
Uma outra acusação era contra um outro pesquisador, que estaria fazendo o trabalho com a camiseta de um candidato, acusação que evidentemente não se confirmou, pois era ridícula e sem fundamento. Os encarregados do levantamento vestiam uma camiseta, mas do jornal e não de algum candidato.
Com relação aos fatos pitorescos, aconteceu um, também em 1992, que demonstra como ninguém guarda segredo quando está em jogo a vitória numa eleição. Nós sempre nos negamos a fornecer informações antecipadas sobre a colocação dos candidatos, apesar da insistência de alguns deles e de seus correligionários. Se fizéssemos isso estaríamos beneficiando-os e por isso sempre achávamos uma desculpa para não fornecer, dizendo que faltavam algumas regiões para serem pesquisadas, que estávamos fazendo uma revisão, etc.
Numa ocasião procuramos colocar à prova a capacidade de alguém guardar segredo. Uma pessoa que havia nos prestado alguns serviços, nos procurou numa sexta-feira e queria saber antecipadamente o resultado da pesquisa que seria publicada no dia seguinte. Respondemos que não poderíamos revelar, mas como se dizia na cidade que a candidata Marilena Matiuzzi era a favorita naquele pleito, resolvemos dizer que em nossa opinião “não haveria surpresa”, dando a entender que Marilena seria a vencedora. A pessoa jurou segredo, mas na tarde daquela sexta-feira o comentário em toda a cidade é que ela iria aparecer em 1º na pesquisa do Taperá e estava praticamente eleita. Após a eleição esse nosso amigo nos procurou e cobrou de nós a “informação privilegiada” que teríamos dado, ao que respondemos:
- Falamos que não haveria surpresa e não houve mesmo: como revelaram as pesquisas anteriores, a disputa foi mesmo entre Conti e Zé Carlos Rocha, com a vitória do primeiro.
Observação: Marilena foi a 3ª colocada, com 13,8% na eleição e 15,5% na pesquisa (diferença de apenas 1,7%).
Na pesquisa feita no ano 2000 as pressões contra o jornal pela realização da pesquisa não foram muito fortes, pois o candidato Pilzio Nunciatto Di Lelli apareceu bem à frente dos demais candidatos logo no primeiro levantamento realizado. Isso foi demonstrado na eleição daquele ano, quando obteve quase o dobro dos votos do 2º colocado, Ângelo Domingos Nucci.
A mais vergonhosa tentativa contra a publicação
No pleito de 2004, porém, o Taperá foi alvo da mais intensa, vergonhosa e insidiosa campanha para desacreditar a enquete realizada (a partir dessa eleição os jornais não poderiam mais realizar pesquisas, apenas enquetes). Em meados de setembro desse ano, quatro das cinco coligações que apareciam mal na enquete (as dos candidatos a prefeito Ângelo Domingos Nucci, Hamilton Renê Silveira, João Guido Conti e Pilzio Nunciatto Di Lelli) se uniram para entrar na Justiça Eleitoral, a fim de impedir a publicação da 3ª enquete, que foi publicada no dia 18/9/2004, apresentando o candidato Geraldo Garcia (o único cuja coligação não entrou na Justiça) em 1º lugar. A juíza Eleitoral, dra. Renata Cristina da Rosa e Silva, indeferiu a pretensão das 4 coligações, por falta de provas, pois as coligações se basearam numa denúncia anônima, segundo a qual o jornal estava favorecendo o candidato Geraldo Garcia.
As 4 coligações não se conformaram com a decisão e recorreram ao Tribunal Regional Eleitoral, que negou a concessão da medida liminar. Ao mesmo tempo em que se pretendia impedir a publicação da enquete realizada pelo Taperá uma enquete anônima era distribuída na cidade, com resultado completamente diferente, provavelmente com o intuito de confundir os eleitores.
Essa não foi a única tentativa de impedir a divulgação das enquetes. O PSB – Partido Socialista Brasileiro, através do seu presidente Pilzio Di Lelli, o “Pilzinho”, filho do prefeito Pilzio, tentou três vezes e na última pediu que o jornal fosse proibido de divulgar os resultados das enquetes e que fosse multado por ter feito uma publicação na edição do dia 27 de setembro, onde não constou que não se tratava de pesquisa, mas de uma enquete, ou seja, um mero levantamento de opiniões.
Aconteceu o seguinte: como estava sendo distribuída pela cidade uma enquete anônima, foi publicado no Jornal de Quarta que ela não era de responsabilidade do Taperá e que a correta era a que tinha sido divulgada no sábado anterior, a qual foi repetida na edição desse dia 27/9. Não constou nessa repetição da publicação do resultado da enquete o aviso que não se tratava de pesquisa, mas de enquete, que era um mero levantamento de opiniões. Julgamos que não havia necessidade, mas para evitar problemas, fizemos uma segunda edição do Jornal de Quarta, fazendo constar o aviso, mas mesmo assim o PSB achou que deveríamos ser multados.
O promotor Marcelo Biazim, considerou que não havia necessidade de se dizer que era um mero levantamento de opiniões, pois isso já tinha constado da publicação original da enquete, feita no sábado. A juíza Cristina Renata Rosa da Silva, porém, entendeu que o Taperá deveria ser multado em R$ 53.205,00 por não colocar o aviso, mas o advogado do jornal, dr. Mário Dotta Jr., apresentou recurso ao Tribunal Regional Eleitoral, que cancelou a aplicação da multa.
Na edição do dia 9 de outubro, o Taperá publicou uma extensa matéria, revelando todos os fatos ocorridos nos bastidores envolvendo a enquete eleitoral que realizou naquele 2004. Além do que foi relatado, constou também nessa publicação a “última cartada” que seria tentada pelas coligações para impedir a divulgação da enquete na véspera da eleição. Seus representantes se uniram na antevéspera do pleito (1º de outubro) na Prefeitura de Salto, que tinha Pilzio como prefeito, mas a facção do candidato Geraldo Garcia tinha uma “contraespionagem” nas hostes das coligações e nos deu os nomes de todos os participantes da reunião e quais seriam os objetivos deles, os quais não eram nada nobres. Eles procurariam não só impedir a publicação como desmoralizar o trabalho que estávamos realizando, utilizando como argumento a multa que havíamos sofrido e que ainda não tinha sido julgada pelo Tribunal Regional, o que só aconteceu dias depois.
Era preciso anular essas pretensões e por isso adotamos um procedimento que surtiu os devidos efeitos: resolvemos “plantar” uma notícia junto a um dos integrantes das 4 coligações, com o qual ainda mantínhamos diálogo. Informamos a ele que o candidato Ângelo Domingos Nucci, que aparecia nas enquetes como 2º colocado, passara Geraldo e surgia como potencial candidato eleito. Essa informação chegou ao pessoal das coligações e eles entenderam que não havia necessidade de procurar impedir a publicação da última enquete, pois o candidato de uma delas aparecia em primeiro.
A enquete foi publicada no sábado e, para surpresa dos que achavam que a situação havia mudado, tomaram conhecimento que Geraldo continuava em primeiro e que seria eleito – como foi. Na eleição realizada no dia 3 de outubro de 2004, foi comprovado que a enquete estava certa: o vencedor, Geraldo Garcia, que tinha 44,9% na enquete, obteve 46,1% no pleito (diferença de 1,2%) e a colocação dos demais 4 candidatos foi exatamente a mesma apontada pela enquete.