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POLÍTICA SALTENSE

Depois de 7 anos de convivência política,

Geraldo rompe com Juvenil


Numa reunião realizada em abril de 2004 foi oficializada a união entre Geraldo e Juvenil para a disputa da Prefeitura

Em 2004 aconteceu uma aliança considerada improvável por muitos, entre dois possíveis candidatos a prefeito de Salto, Geraldo Garcia e Juvenil Cirelli. Como ambos aspiravam disputar a Prefeitura, decidiu-se fazer uma pesquisa junto ao eleitorado: o preferido dos

consultados seria candidato a prefeito, o outro candidato a vice. Foi contratada uma empresa especializada de Campinas, que já prestava serviços ao Partido dos Trabalhadores, a qual consultou 400 eleitores saltenses. Geraldo foi o vencedor, para decepção de Juvenil, que chegou até a chorar, segundo pessoas que gozavam de sua intimidade, mas ele acabou aceitando o resultado. Nada menos que 12 partidos se comprometeram a apoiar a dobradinha: PT, PCB, PAN, PMN, PFL, PRP, PTB, PSL e PTN e PL, o que foi divulgado numa entrevista coletiva dos candidatos, realizada em 7 de abril de 2004. Nessa entrevista, Juvenil revelou que as negociações tinham se iniciado em julho de 2003 e que foram difíceis, porque os grupos eram ideologicamente distantes, mas houve o acordo visando desenvolver a cidade.

A dupla Geraldo-Juvenil conquistou uma vitória consagradora nas eleições de outubro de 2004, obtendo 31.718 votos, quase o dobro do segundo colocado (Ângelo Domingos Nucci), que teve 16.457 sufrágios. O secretariado foi formado de comum acordo, por integrantes das duas facções. A de Geraldo contou com José Carlos Pasti (Administração), Gilmar Mazetto (Governo), Edmara Urel (Fazenda), Valderez A. da Silva (Cultura e Turismo), Janaína Basseti e Alaor Ourique (Obras). A de Juvenil: Wilson Roberto Caveden (Educação), Jussara Vilaça (Bem Estar Social), José Roberto Merlin (Urbanismo e Planejamento) e Saúde (José Carlos Servilha).

Eles mantiveram a união em 2008 e, graças a um governo de muitas realizações, aconteceu a reeleição em 2008 com uma votação ainda maior: 45.441 votos, quase 4 vezes mais que seu principal oponente (novamente Ângelo Domingos Nucci), que obteve 10.574 votos. Houve algumas mudanças no secretariado, mas elas obedeceram a destinação dos cargos seguindo mais ou menos a mesma divisão inicial.

Durante o segundo mandato de Geraldo, sabia-se que havia alguns desentendimentos internos, não propriamente com Juvenil, mas com alguns dos seus secretários. Geraldo alegava que se formaram grupinhos na Prefeitura que “faziam fofoca” e por isso algumas de suas ações eram prejudicadas, o que levou alguns dos seus auxiliares mais diretos a defender um rompimento, mesmo porque não havia garantias de que a união ocorreria na eleição para prefeito de 2012. Os partidários de Geraldo não admitiam ter que apoiar Juvenil como candidato nesse pleito, porque a convivência com o pessoal do PT já não era a mesma do início do primeiro mandato, em 2005. Além disso, o secretário Gilmar Mazetto já revelara, em abril de 2011, sua pretensão de disputar a Prefeitura, o que exigiria de Geraldo exercer o papel de conciliador entre o vice-prefeito e Gilmar, mas tal não ocorreu.


Em 27 de janeiro de 2012 Geraldo anunciou o rompimento com Juvenil, num encontro realizado na Secretaria da Cultura e Turismo

O rompimento – Surpreendentemente, foi anunciada para a manhã do dia 27 de janeiro de 2012, no início do último ano de mandato da dupla Geraldo-Juvenil, uma entrevista coletiva, realizada numa sala da Secretaria da

Cultura e Turismo, que ocupava o prédio da antiga creche da Brasital, na Praça Antonio Vieira Tavares. Percebeu-se que o secretário Valderez Antonio da Silva comandava os preparativos e inclusive fez a apresentação do que denominou “encontro” e não entrevista coletiva. Ele, antes de Geraldo entrar na sala para se

O rompimento Geraldo-Juvenil foi matéria de capa na edição do “Jornal de Quarta” de 4 de fevereiro de 2012

manifestar, anunciou que o prefeito faria um importante pronunciamento e que não estaria à disposição da imprensa, após a leitura, pois não desejava responder perguntas. Quando o ambiente estava pronto para receber o prefeito, Geraldo adentrou na sala e, ao lado de Valderez e de um outro secretário influente em sua administração, Carlos Roberto Pasti, proferiu a leitura (o que não era

comum) de um discurso, no qual anunciou seu apoio ao secretário Gilmar Mazetto na disputa para a Prefeitura naquele ano e a exoneração de 4 secretários ligados ao vice-prefeito Juvenil. Foi selado assim o rompimento de Geraldo com seu vice, causando muita surpresa na cidade, apesar de haver os que imaginavam que isso iria mesmo acontecer.


Reação de Juvenil – Em 2 de fevereiro, alguns dias após o anúncio feito por Geraldo, Juvenil promoveu uma entrevista coletiva no Restaurante Scallet, da qual participaram também os ex-secretários petistas dispensados, Luiz Eduardo Colaço, Daniel Paulino Evangelista, Jussara Vilaça e Wilson Roberto Caveden. A justificativa foi uma prestação de contas, mas também falaram sobre a saída da administração, sendo que Juvenil procurou abordar o aspecto positivo do rompimento, dizendo que da forma como Geraldo agiu, acabou lançando oficialmente seu nome à sucessão municipal, como pré-candidato.

No “Dia da Mentira”, 1º de abril de 2016, a capa do “Jornal de Quarta” anunciou que Geraldo e Juvenil reataram, causando grande repercussão

A repercussão da atitude de Geraldo contra Juvenil realmente beneficiou o segundo, pois muitos consideraram que havia um compromisso moral entre ambos, que não poderia ser rompido. Juvenil tornou-se “vítima” e Geraldo perdeu pontos com a decisão que tomou. Isso contribuiu decisivamente para que no pleito de 2012, quando o

Juvenil disputou com Gilmar Mazetto, candidato apoiado por Geraldo, o primeiro obtivesse uma vitória consagradora por uma diferença que não deixou margem a dúvidas: 36.282 a 13.806.

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