OPINIÃO
A reforma trabalhista
A lei proposta pelo presidente da República, aprovada pela Câmara e Senado Federal, introduzindo modificações nas leis trabalhistas, entra em vigor nesta data. Por não termos conhecimento profundo dessa legislação como é de nosso costume estamos abrindo espaço nesta edição e também na TV Taperá para os líderes sindicais, a fim de que eles possam expressar seus pontos de vista. Falta a opinião do setor patronal, que pretendemos ouvir também na próxima semana, além de integrantes da Justiça Trabalhista, que em sua maioria a princípio parecem concordar com quase tudo que está sendo alterado. Como observadores, estamos tomando conhecimento dos argumentos apresentados, constatando-se que praticamente em sua totalidade os sindicatos são coerentes no apontamento dos problemas que surgirão. Foram alterados cerca de cem pontos da Consolidação das Leis do Trabalho e os três líderes sindicais ouvidos por nossa reportagem acham que essas alterações beneficiarão apenas os patrões, sendo extintos uma grande quantidade de direitos conquistados pela classe trabalhadora durante muitos anos. Dentre as consequências, apontam o aumento do desemprego, bem como os prejuízos financeiros, que também devem acontecer. É que, ao contrário do que ocorria anteriormente, as negociações eram feitas pelos sindicatos, que tinham voz ativa e faziam as exigências que consideravam justas. Agora essas negociações serão feitas pelas empresas diretamente com os empregados, os quais nem sempre poderão argumentar com a necessária força. O que também desagradou os sindicatos foi o fim da obrigatoriedade do pagamento do imposto sindical, que lhes proporcionava uma receita expressiva. O presidente Temer, autor dessa extinção, sofreu pressão por parte dos sindicatos e de parlamentares ligados a eles o que o levou a prometer o envio de uma medida provisória ao Congresso, mas acabou desistindo e isso provocou ainda mais revolta nos meios sindicais. Não obrigando os trabalhadores a pagar o imposto sindical, a receita com esse tributo irá ser reduzida drasticamente, por isso uma medida alternativa seria muito bem-vinda e agradaria ambas as partes, mas essa saída dificilmente irá agora acontecer. Inevitavelmente hoje entram em vigor as alterações nas leis trabalhistas. O que se espera é que, com sua aplicação, verifique-se se este ou aquele ponto não deve ser mantido ou precisa ser modificado. E que se leve em conta principalmente o que reivindicam os trabalhadores, que é parte mais necessitada nessa história, cuja força infelizmente está se tornando menos expressiva.