POLÍTICA SALTENSE
Os raros casos de sucesso das mulheres na política saltense
Em toda a história política saltense apenas 5 mulheres tiveram sucesso, elegendo-se vereadoras: Rosi Mari Aparecida Ferrari, Marilena Matiuzzi, Célia de Oliveira Pinto Coa, Rosana Costa Pinto e Luzia de Fátima Izidoro Vidal.
Antes da primeira delas (Rosi Mari) houve duas ou três tentativas, sem sucesso. A mais lamentável ocorreu com uma senhora que marcou sua vida na história da cidade, a professora, poeta e musicista Benedicta de Rezende. Ela foi candidata pela coligação PSD-UDN e foi a menos votada do total de 27 candidatos, obtendo somente 1 (um) voto. O fato foi muito comentado na época, pois nem mesmo seu filho, que exercia a profissão de barbeiro, teria votado nela. Teve apenas o seu. Outros dois candidatos menos votados tiveram 4 votos cada um.
No dia da eleição (14 de outubro de 1951) ela tinha publicado em O Liberal uma poesia, dedicada a Maria Santíssima, cujos últimos versos pareciam uma antevisão do que lhe aconteceria no pleito:
Aceitarei, Maria, em teu louvor,
A condição pesada que me impões,
De tolerar, paciente, com amor,
A perda de consolos e ilusões.
Seus versos foram também um presságio do que iria acontecer, pois o mau resultado eleitoral não a desanimou, pois ela continuou suas atividades em vários setores da cidade, razão pela qual foi homenageada com a denominação de uma das principais escolas saltenses.
Nenhuma mulher – Nas eleições seguintes de 1955, 1959 e 1963 não tivemos nenhuma candidata, apesar de nas duas primeiras concorrerem cerca de 30 candidatos e na terceira 60. Em nenhuma dessas eleições algum candidato teve apenas 1 voto, o mínimo foi 6. Na eleição seguinte (1968) o número de candidatos caiu para 38 porque havia apenas dois partidos, Arena e MDB. Nessa eleição não houve participação também de nenhuma candidata. O número subiu para 44, ainda com os dois partidos, em 1976.
Rosi Mari, a 1ª – A regra de apenas homens concorrendo foi novamente quebrada em 1982, quando foi eleita a primeira mulher, Rosi Mari Aparecida Ferrari, neta de Hilário e sobrinha de Tita Ferrari. Ela obteve 730 votos concorrendo pelo PMDB, ficando em 4º lugar entre os eleitos. Como havia mais partidos concorrendo (PDS – ex-Arena, PMDB, PT e PTB), participaram 143 candidatos. Curiosamente, não foi apenas Rosi Mari a única mulher que concorreu, mas também outras 4: Valdete Lopes Xisto (67 votos); Maria Silvana Turqui Piva (55 votos), Rita de Cássia Tabaro (43 votos) e Maria José Stoppa (4 votos), as três últimas pelo PT, partido que na história das eleições foi o que sempre apresentou um número maior de candidatas.
Rosi Mari foi uma vereadora atuante, enfrentando o sexo masculino em condições de igualdade, defendendo a administração do prefeito Pilzio Nunciatto Di Lelli, do seu partido e travando muitas discussões com vereadores de outras bancadas. Apesar do seu trabalho, na eleição de 1988, o povo, descontente com a atuação dos vereadores, derrotou 12 dos 15 que compunham o Legislativo saltense, dentre eles Rosi Mari, que obteve apenas 332 votos, ficando no 11º lugar em seu partido, o PMDB.
Marilena, a 2ª - Mais uma mulher foi eleita, desta feita em 1988: Marilena Matiuzzi, candidata pelo PSB, que obteve 486 votos. Também tivemos 18 outras candidatas, um número bastante expressivo, sendo que quem veio em 2º lugar foi Rosi Mari Ap. Ferrari, com 332 votos, aparecendo a seguir:
Elizabete Segala (PDT) ................................ 138 votos
Cleide Guella (PMDB-PL) ............................ 82 votos
Sueli Cocato Fratini (PDT) .......................... 68 votos
Neide Maria Rodrigues Vieira (PFL) .......... 62 votos
Rute Valle Faustino (PT) ............................. 59 votos
Luzia Raquel Roveri Orlando (PFL) ........... 52 votos
Maria das Graças C. dos Santos (PSC) ..... 44 votos
Maria Inês Tomashuk (PMDB-PL) ............. 43 votos
Maria de Lourdes Marini Soleira (PDT) .... 35 votos
Suzel Roque Antonio (PT) .......................... 34 votos
Geny Alves Marinho (PMDB-PL) ............... 28 votos
Sueli Aparecida Vasconcellos (PSC) ......... 24 votos
Orquidea Caravelli (PFL) ........................... 23 votos
Jocelina Andretto (PFL) ............................. 20 votos
Sandra Regina Leite da Silva (PT) ............ 14 votos
Mônica da Silva Cruz (PMDB-PL) ............. 9 votos
Josefa Maria da Silva (PSC) ....................... 1 voto (*)
(*) 37 anos depois, Josefa Maria repetiu a votação da profa. Benedicta de Rezende, obtendo apenas 1 voto.
1992: duas mulheres
Pela primeira vez na história política de Salto duas mulheres se elegeram para a Câmara de Vereadores em 1992: Rosi Mari Aparecida Ferrari voltou, depois de não obter sucesso na eleição de 1988 e Marilena Matiuzzi foi reeleita, obtendo a maior votação entre os 17 vereadores que compunham o Legislativo.
Marilena foi a mais votada entre os vereadores eleitos, conseguindo expressivos 721 votos pela coligação PMDB-PL, seguida de perto por Rosi Mari, que foi a 2ª da mesma coligação, com 628 votos, e a 3ª entre os eleitos.
Nessa eleição tivemos 1 candidata a menos das que concorreram no pleito passado: 18. Depois de Marilena e Rosi Mari a votação obtida pelas demais foi a seguinte:
Magali Maria Bressan (PDC-PST) .............. 215 votos
Roseli Doreto da Silva (PT-PSB-PV ............ 152 votos
Maria Cristina Togni (PSDB-PDT-PTB ........ 146 votos
Ilda Rodrigues Rezende (PT-PSB-PV) ........ 82 votos
Norma M. Lima Carvalho (PDC-PST) ........ 75 votos
Eliete S. Santos Ávila (PDS-PTR-PRP) ........ 71 votos
Maria Ernestina Ferrari (PSDB-PDT-PTB) . 43 votos
Odélia Rufino Marques (PSDB-PDT-PTB) . 32 votos
Jocelinda Andretto (PDC-PST) ................... 23 votos
Elizabeth de Aquino (PMDB-PL) ............... 20 votos
Alice Miguel (PT-PSB-PV) ........................... 19 votos
Marisa Mota Mazieiro ((PDC-PST) ............ 19 votos
Rosa Amália Penariol Nunes (PDC-PST) .. 17 votos
Maria Benedita O. Bertolo (PT-PSB-PV) ... 16 votos
Sueli Lopes Siqueira (PT-PSB-PV) ............. 5 votos
Sandra Regina de Camargo (PDC-PST) .... 4 votos
Em 1996, Célia Coa
Surpresa na eleição para vereador em 1996: a eleita foi Célia de Oliveira Pinto Côa, que pela primeira vez se candidatou e graças à sua 3ª colocação entre os candidatos do Partido dos Trabalhadores, conseguiu uma cadeira na Câmara. Ela teve 199 votos, enquanto os dois outros petistas eleitos tiveram votações bem maiores: 588 - Erasmo Rocha dos Santos e 498 - Antonio Luciano Zinsly.
A participação do sexo feminino explodiu nesse pleito: nada menos que 56, mas apenas Célia se elegeu. Outras 10 candidatas que também obtiveram boa votação (5 delas tiveram mais votos que Célia, mas a soma de votos dos seus partidos impediram que elas saíssem vitoriosas):
Vera Lucia Oliveira de Aguiar ................ 314 votos
Tereza Idalina de Genaro Moraes ........ 290 votos
Eliana Marques de Castro ..................... 272 votos
Jueli Lopes ............................................... 229 votos
Maria do Carmo V. Barros Souza ......... 221 votos
Maria José Mazzoni Domingues ........... 133 votos
Vera Lúcia Alvarez da Silva .................... 124 votos
Eliete Saturnina dos Santos Ávila ......... 105 votos
Maria Luzia Zulatto Tezzoto .................. 88 votos
Josela Geniseli dos Santos .................... 87 votos
Em 2000, nenhuma
Na eleição do ano 2000 o sexo feminino voltou a não ter representante no Legislativo. O número de candidatas novamente foi grande: 47, mas não superou as 56 do pleito anterior. A candidata mais votada foi Rosi Mari Aparecida Ferrari, que voltou a se candidatar, depois de ter sido derrotada na eleição majoritária, como vice-prefeita na chapa de José Carlos Rodrigues da Rocha, em 1996. Ela obteve 313 votos, insuficientes para se eleger, pois o último vereador eleito, Gilvan Rodrigues Costa, teve 456.
Outras 10 candidatas das 47 que tiveram boa votação:
Vera Lúcia Oliveira de Aguiar ........... 241 votos
Rita Leite Diniz ................................... 218 votos
Helena Maria Pacher Barbutto ........ 199 votos
Roberta Celante de Oliveira ............. 192 votos
Marivana Brito Souza ........................ 167 votos
Nair Rodrigues Lécio ......................... 165 votos
Eunice Pereira dos Santos Lima ....... 147 votos
Diná Tereza Pansinato Luiz ............... 146 votos
Neusa Leduino Rosa Mondt ............. 137 votos
Célia de Oliveira Pinto Coa ............... 135 votos
Mais uma: Rosana
Em 2004 mais uma mulher foi eleita: Rosana Costa Pinto, uma das 57 que se candidataram. Ela conseguiu o 9º lugar entre os eleitos, com 970 votos, a maior quantidade já obtida por uma candidata do sexo feminino. Rosana inclusive foi presidente da Câmara, no biênio 2007/2008.
Outras 10 candidatas bem votadas nesse pleito:
Marivana ..................................... 341 votos
Rosi Mari Aparecida Ferrari ...... 327 votos
Marlene Caleffo ......................... 296 votos
Marlene do Feirante .................. 280 votos
Dona Helena ............................... 264 votos
Professora Neuza ....................... 257 votos
Margarida .................................... 236 votos
Flora ............................................. 167 votos
Magdalena Padreca ................... 138 votos
Nice .............................................. 126 votos
Número diminuiu
Tanto o número dos candidatos a vereador como o de representantes do sexo feminino caíram na eleição de 2008 para a Câmara. Das 40 mulheres que se candidataram, a dra. Rosana foi a mais bem votada, alcançando quase a votação do pleito anterior, mas não conseguiu se eleger: 903 votos. Outras 10 mais bem votadas:
Dra. Priscila .................................. 478 votos
Marlene Japonesa ....................... 434 votos
Daisy Marins ................................ 324 votos
Izabel Cristina .............................. 318 votos
Marivana ...................................... 285 votos
Marlene Caleffo ........................... 267 votos
Sandra Margoni ........................... 211 votos
Magali Galhardoni ....................... 209 votos
Rosi Mari Aparecida Ferrari ........ 161 votos
Professora Marize ........................ 145 votos
Duas outra vez em 2012
A exemplo do que aconteceu na eleição de 1992 para o Legislativo, duas candidatas foram eleitas em 2012: Luzia de Fátima Izidoro Vidal, que foi candidata pela primeira vez e conseguiu 803 votos e Rosana Costa Pinto, que foi menos votada que nas eleições anteriores, mas que mesmo assim conquistou uma cadeira: 724 votos. O número de candidatas foi ainda maior que no pleito anterior: 91. As 10 mais votadas, além de Luzia e Rosana:
Isabel Cristina ........................ 460 votos
Leandra Navarro ................... 416 votos
Maryleen Dourado ................ 373 votos
Deyse Marins ......................... 362 votos
Dra. Eni ................................... 358 votos
Marivana Brito ....................... 327 votos
Maria do Carmo .................... 325 votos
Professora Ivete .................... 245 votos
Marlene Caleffo .................... 225 votos
Célia Coa ................................ 212 votos
Nenhuma novamente
Se foram duas em 2012, na eleição seguinte (2016) novamente nenhuma candidata foi eleita dentre as 96 candidatas, um recorde. Luzia Vidal foi a mais votada, com 701 votos, apenas 6 de diferença para Kiel Damasceno e por isso não se elegeu. Apesar de poder se candidatar, a votação de Rosana Costa Pinto, de 580 votos - insuficientes para se eleger - não foi considerada pelo TRE, pois ela estava sub judice. As outras 10 mais votadas foram:
Jussara Vilaça ........................... 443 votos
Isabel Cristina .......................... 440 votos
Profa. Kátia Santos .................. 408 votos
Professora Denise ................... 330 votos
Marlene Caleffo ....................... 325 votos
Marivana .................................. 269 votos
Crys Goiaba ............................. 263 votos
Professora Tame ..................... 201 votos
Professora Iara ........................ 192 votos
Maria do Carmo ...................... 190 votos
Aumento devido à obrigatoriedade
O número de candidatas tem aumentado consideravelmente nas últimas eleições, tendo em vista a obrigatoriedade dos partidos ou coligações de apresentarem 30% do total de candidatos do sexo feminino, porcentagem que é difícil obter. A maioria das candidatas aceitam concorrer, mas não fazem campanha e por isso ocorre delas ficarem sempre entre as últimas na classificação dos mais votados, sendo que algumas aparecem com 0 voto, pois nem se consideraram disputantes de cadeiras na Câmara.