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POLÍTICA SALTENSE

Salto só teve 1 candidata a prefeita

em 127 anos de vida autônoma


Marilena ocupou por diversas vezes a tribuna da Câmara

Salto passou a ter vida autônoma a partir de 1890, quando foi eleito seu primeiro governante. Desse ano até 2017 foram 127 anos em que a cidade foi comandada sempre pelo sexo masculino, pois nenhuma mulher ocupou o Executivo. Tivemos apenas uma candidata em todo esse período: Marilena Matiuzzi, em 1996, quando obteve 6.434 votos, obtendo a 3ª colocação (o vencedor, João Guido Conti teve 12.606 votos, quase o dobro).

Como mais votada em 1992, deu posse ao prefeito Jesuíno e vice José Carlos

Antes de Marilena Matiuzzi nenhuma mulher tinha se aventurado a apresentar sua candidatura a prefeita de Salto. Ela tinha ocupado uma cadeira na Câmara por 8 anos (de 1989 a 1992 e de 1993 a 1996), sendo bem votada na primeira eleição (486 votos) e foi a que maior número de votos conseguiu em 1992 entre todos os candidatos (masculino e feminino), com 721 votos. Isso a encorajou a disputar a Prefeitura, tendo como vice Valderez Antonio da Silva, que também era vereador.


A pré-campanha eleitoral teve algumas disputas na Justiça local, sendo que a dupla Marilena-Valderez foi multada em 10.000 UFIRs, em junho de 1996, pelo juiz eleitoral, por ter feito propaganda antecipada (quando ainda não tinha sido lançada em convenção). Marilena revidou, também representando contra o prefeito Jesuíno Ruy e seu vice José Carlos Rodrigues da Rocha, o primeiro pelo fato de também ter feito propaganda eleitoral antecipada de José Carlos, que era seu candidato, na coluna que publicava semanalmente no jornal Taperá. José Carlos, por sua vez, foi denunciado porque teria infringido a legislação eleitoral, ao entregar obras da administração de que fazia parte como vice-prefeito, em solenidades que não contaram com a participação de Jesuíno.

Curiosamente, também tivemos nessa eleição de 1966 a primeira mulher candidata a vice-prefeita, a então vereadora Rosi Mari Aparecida Ferrari, que fez dobradinha com José Carlos Rodrigues da Rocha.


Comissões de Inquérito

Com seu vice Valderez propôs duas comissões de inquérito contra Jesuíno

Durante seu mandato, Marilena fez oposição cerrada contra o prefeito Jesuíno, juntamente com seu vice Valderez, depois que deixou o PMDB, partido pelo qual foi eleita. Com a proximidade da eleição de 1996, ela se mostrou ainda mais ativa contra Jesuíno, tendo apresentado, inclusive, dois pedidos de criação de comissões de inquérito. O primeiro para apurar denúncias do diretor do Hospital Municipal sobre o sucateamento de equipamentos da UTI e o segundo para apurar possíveis irregularidades no serviço de recapeamento de vias públicas da cidade, que era feito em pequenos trechos (4 ou 5 quarteirões). O caso chegou a ser encaminhado à Justiça, mas não proporcionou problemas maiores à administração da época.


Otimismo na entrevista

Eu e Eloy de Oliveira entrevistamos Marilena na redação do “Taperá”

O jornal Taperá entrevistou os 6 candidatos a prefeito em 1996 e, na vez de Marilena, esta declarou aos entrevistadores que venceria a eleição porque era a única que representava a renovação política saltense. Dentre outras coisas disse que “é ingênuo acreditar que o turismo vai substituir as indústrias”, que “nosso maior desafio será a geração de empregos”, que Salto deveria ter uma Guarda Municipal mais atuante, que deveria haver incentivo ao pequeno e médio empresário, etc.

Capa do Plano de Governo na campanha a prefeita, em 1996

Na edição do seu plano de governo, denominado “A força da mulher”, afirmou que “chegou a vez da mulher mostrar que sabe e faz. Não deixe passar a oportunidade de ter uma cidade melhor. Pense na hora de escolher e dar o seu voto. Ele tem muito valor: vai decidir a sua vida e de sua cidade”. Nas páginas internas foram publicados os depoimentos de diversas pessoas, ela com seus familiares, a união “que vem do berço” com Valderez, fotos de seus comícios e um artigo denominado “Por que você vai votar em Marilena Matiuzzi?”.


Pressão antecipada na Pesquisa Taperá

Na primeira pesquisa realizada pelo jornal Taperá e publicada no dia 17 de agosto de 1996, Marilena aparecia em 3º lugar, com 17,3%, atrás de José Carlos R. da Rocha, com 21,4% e João Conti, com 19,7%, e isso a surpreendeu. Aliás, antes da divulgação dessa pesquisa, eu estava em minha casa, me recuperando de uma operação de hérnia e fui procurado por alguns integrantes do staff de Marilena, dentre eles seu vice Valderez e o ex-vereador Fernando de Noronha. Eles queriam saber como estava a situação de Marilena na pesquisa que seria divulgada no di 17 de agosto. Respondi que não poderia informá-los, pois era necessário manter o sigilo, mas eles insistiram, razão pela qual respondi negativamente a duas perguntas: Marilena estava em 1º?, Marilena estava em 2º?. Não quiseram aceitar de jeito nenhum os dois “não”, argumentando que um pesquisador do Ibope, que também estava presente, havia feito uma pesquisa na cidade e Marilena aparecia em 1º lugar. Esse pesquisador me perguntou como era feita a pesquisa. Respondi que dividimos a cidade em 5 regiões, levando em conta o número de eleitores em cada uma delas e chegamos ao resultado final. Ele disse que esse método era errado e que o resultado do pleito iria demonstrar isso. Mas o resultado demonstrou que estávamos certos, pois Marilena se colocou realmente no 3º lugar, com 13,8%, atrás de João Conti e de José Carlos.

Um outro fato curioso aconteceu na véspera da eleição desse ano: uma pessoa amiga, ex-vereador, nos procurou numa sexta-feira pela manhã, perguntando qual seria o resultado da pesquisa a ser divulgado no dia seguinte, sábado. Ele integrava a facção de Marilena, o que nos levou a colocar essa pessoa à prova para avaliar a capacidade de uma pessoa correta tem de guardar segredo. Informamos erradamente que Marilena estava em primeiro lugar na pesquisa e lhe pedimos que não informasse isso a ninguém, obtendo dela a garantia de que isso seria seguido à risca. Na tarde daquela sexta-feira e até a noite, o comentário na cidade era um só: “Marilena vai aparecer em 1º amanhã, na pesquisa do Taperá”.


Para o cargo de vereador a quantidade de candidatas foi muito maior, mas isso somente a partir de 1982, quando a primeira mulher (Rosi Mari Aparecida Ferrari) foi eleita. Antes dela, houve apenas uma candidata: Benedicta de Rezende, em 1051, que teve apenas 1 voto (provavelmente o seu), apesar de ser uma pessoa respeitada e querida na cidade, atuando como professora, poeta e musicista.

OITO CANDIDATURAS – A 1ª mulher a ser eleita vereadora em Salto, Rosi Mari Aparecida Ferrari, participou de nada menos 7 eleições para vereadora e uma para vice-prefeita, exercendo plenamente a democracia e o desejo de uma representante do sexo feminino concorrer a um cargo público. Foi eleita logo na primeira, em 1982, com 730 votos, sua maior votação. Em 1988 conseguiu 332 votos e teve que deixar o Legislativo, mas voltou em 1992, com sua 2ª maior votação: 628. Em 1996 foi candidata a vice com José Carlos Rodrigues da Rocha como candidato a prefeito, ficando em 2º lugar, atrás de João Conti. Mais 4 insucessos nas eleições de 2000 (313 votos), 2004 (327 votos), 2008 (161 votos) e 2016 (apenas 2 votos). Em sua última participação, Rosi Mari entrou apenas para “fazer número”, não realizando campanha e talvez nem votando nela.

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