CAUSOS
A batalha dos pusca-pés na “esquina do pecado”
Na década de 1940 e 1950 era comum os jovens e até pessoas de mais idade se reunirem numa das esquinas da cidade, a fim de bater papo, depois do “foothing” da Praça e as sessões dos cinemas. Isso ocorria principalmente nas noites de sábado e entravam madrugada adentro. Soubemos de um fato que ocorreu numa dessas esquinas, chamadas “do pecado”, e numa dessas noites, por intermédio do João Dowa Pittorri, que relatou sua presença, com outros amigos, dentre eles Benone, Jayme Abramides, Rubinho Garcia, Quinzinho e outros. A denominação “Esquina do pecado” era porque nessa da Rua Dr. Barros com a 9 de Julho, existia num dos lados o terrível “Snooker do Décio”, verdadeiro “antro da perdição”, como as senhoras prendadas o chamavam, e do outro lado da rua o bar anexo à sede do Guarani, com seu jogo de baralho.
Em cada canto da esquina um grupo de rapazes discutia futebol, política, fatos ocorridos na cidade, além de alguns boatos picantes. De súbito algo sibilou, soltando chispas e roçando as pernas dos rapazes e explodiu no muro. Os de outros três grupos pareciam alheios ao que acontecia, mas um segundo disparo foi feito em direção a outro bloco, serpenteando no ar. E logo a seguir um terceiro foi disparado em direção ao salão de snooker, o que levou os rapazes dos quatro blocos a se dirigir a uma casa que vendia fogos de artifício, localizada na Rua 9 de Julho, onde hoje se funciona a Brisa, cujo proprietário já estava dormindo, mas acordou para atender os que batiam em sua porta, pois a quantidade solicitada valia a pena.
Iniciou-se, então, uma verdadeira guerra, com os integrantes de cada um dos quatro grupos disparando seus busca-pés em direção aos outros três, iluminando a escura noite. Até que um dos “guerreiros” notou que três policiais, comandado pelo soldado Bueno, desciam a 9 de Julho e deu o alerta: “Polícia!”. A dispersão foi geral e imediata, ficando espalhadas apenas as varetas dos busca-pés nas ruas da esquina, personagens principais daquela noite.