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OPINIÃO

As muitas propostas para a Abadia

Há mais de 40 anos se fala em destinar o prédio da Abadia de São Norberto, surgindo nesse período as mais diversas propostas. Tudo começou em setembro de 1971, quando a então revista Taperá noticiava em sua capa que “A Abadia poderá ser centro técnico”, pois o prefeito Jesuíno Ruy aventou a possibilidade do Governo do Estado adquirir o prédio (que ainda pertencia aos padres premonstratenses), cabendo à Prefeitura colaborar para o acabamento da obra que estava ainda incompleta. Algum tempo depois (1974) o professor Rubens Anganuzzi, o mesmo que instalou o Ceunsp em Salto, adquiriu a área da Abadia para nela implantar uma faculdade, mas desistiu desse intento, tendo a Prefeitura de Salto ficado com o prédio e as terras que o circundavam, pois Anganuzzi pretendia vender a propriedade. No final de 1974 um grupo chinês se interessou pela instalação de uma faculdade no prédio, mas o prefeito Josias Costa Pinto, notando que as negociações não progrediam, mudou o foco para um hotel. Um ano depois dois médicos da capital propuseram adquirir o imóvel para transformá-lo num hospital para 500 leitos, criando 200 novos empregos. Outro grupo queria comprá-lo para instalar um hospital psiquiátrico e uma clínica de repouso, mas o então prefeito (Josias), acabou destinando parte dos 10 alqueires a indústrias, instalando ali um distrito industrial. Como ele tinha pagado apenas 300 mil cruzeiros do 1 milhão e 500 mil que deveria pagar aos padres premonstratenses, estes pretenderam reaver a área, o que não se efetivou, ficando a Prefeitura com a propriedade definitivamente. Nos anos que se seguiram foram muitas as ideias para aproveitamento do prédio da Abadia. A que sempre prevaleceu foi a de instalar ali uma faculdade, mas como nenhum projeto foi avante, o prédio ficou abandonado por um longo tempo, abrigando temporariamente alguns eventos importantes, como a FICAS – Feira Industrial, Comercial e Agrícola de Salto, encontro de rádio-amadores, exposição de fotos, festa do peão e até uma Festa do Salto, sem contar os muitos churrascões, promovidos pela Prefeitura, pelos Veteranos, etc. A troca com o IFSP, aventada no governo anterior, também parece ter fracassado, tanto que já se escolheu um outro local para esse Instituto Federal, mas a ideia do prédio ser ocupado, pela escola federal, em nossa opinião, não deveria ser desprezada. Em 1997, finalmente, conseguiu-se a instalação de uma faculdade no local, a Sant’Anna, que concluiu as negociações com o então prefeito João Guido Conti e realizou uma ampla reforma, que a capacitou a oferecer diversos cursos. No entanto, uma ação do Ministério Público, que alegou não ter havido licitação para a implantação da faculdade, obrigou-a a se retirar do local. Resultado: voltaram as ideias para o aproveitamento da Abadia e a mais recente é a de abrigar alguns órgãos municipais, para se transformar no futuro em sede do município, o que não nos parece uma boa solução. É mais uma tentativa que se somará às muitas que não deram certo. O local é adequado para uma faculdade e não adianta querer inventar outra destinação. Tem-se que trabalhar para que esse aproveitamento seja feito, o resto é perda de tempo.

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