CAUSOS
Jornal manda cruzes e as recebe de volta
O jornal O Liberal, que circulou em Salto de 1949 a 1964, era um semanário atuante e vibrante que não rejeitava um debate e que corajosamente enfrentava a tudo e a todos, incluindo as autoridades constituídas. Nunca foi “empastelado”, como às vezes acontecia com jornais do interior, mas muita gente tinha ímpetos de fazê-lo.
Em duas ocasiões a fachada da redação e oficina do jornal, foi pichada, na calada da noite, por pessoas desconhecidas. A primeira foi quando funcionava na Rua Dr. Barros Jr,, 667 e a segunda no prédio da Rua 23 de Maio, 313, onde também funcionou a oficina e redação do Taperá. Na primeira vez não houve um motivo determinante, mas na segunda foi em razão de uma publicação feita na coluna humorística do jornal.
Essa coluna denominava-se “100 Antídotos” e era redigida pelo Edmur I. Salto, por mim e outros integrantes do jornal. Certa feita, quando a A.A. Avenida desistiu da disputa do campeonato da 2ª divisão de profissionais, publicamos um clichê antigo, mostrando um cemitério com muitas cruzes e com a seguinte legenda: “Local onde se encontra a A.A. Avenida, depois de sua desistência da 2ª divisão”.
A publicação foi feita no sábado e na segunda-feira, quando cheguei na redação do jornal vi as cruzes pintadas na fachada e até ri da reação tomada pelo pessoal da Avenida. Foi quando o João B. Silveira, conhecido como “Cavaco”, me perguntou: “Será que não pintaram também uma cruz na fachada de sua casa?” Fui constatar, pois tinha saído apressado, e lá estava uma grande cruz na porta, que tentei apagar, mas estava muito difícil, sendo repreendido pelos meus familiares.
Alguns anos depois descobri o autor das “pinturas”: Zéli, que foi goleiro da Saltense e que na época atuava pela Avenida, a mando de Luiz Milanez, presidente do clube, para quem prestava serviços. Não pude reclamar, pois, afinal, não passou de uma troca de cruzes.