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FATOS MARCANTES

  • Foto do escritor: Valter Lenzi
    Valter Lenzi
  • 22 de jan. de 2018
  • 4 min de leitura

Durante 37 anos a cidade conviveu com

um padre dedicado, mas polêmico


Monsenhor Mário: envolvido em muitas polêmicas

Ele chegou em Salto no mês de janeiro de 1968, para atuar como vigário auxiliar do monsenhor João da Silva Couto, e aqui permaneceu durante 37 anos. Nesse período marcou presença graças a sua participação em muitas refregas polêmicas, algumas delas de bastante repercussão, como seus enfrentamentos com o prefeito, com os vereadores e até com o bispo da diocese a que pertencia. Em suas atividades como sacerdote, porém, teve atuação destacada, conseguindo aglutinar em torno da paróquia que dirigia um grande número de saltenses, que aprovavam sua conduta, apesar de partirem críticas de alguns setores, além de boatos não comprovados.

Ele veio para Salto a fim de auxiliar o monsenhor Couto, que já não tinha condições de realizar os ofícios que a paróquia de Nossa Senhora do Monte Serrat exigia. Assim que chegou demonstrou sua disposição de trabalhar, convocando em janeiro do ano citado uma reunião de todas as diretorias das associações, sodalícios e entidades paroquiais, a fim de organizar um secretariado paroquial. Nessa reunião ele fez uma declaração surpreendente: não haveria mais a “parte popular” ao redor da igreja, mas apenas a parte religiosa.

Padre Mário destacou-se logo nos primeiros tempos em Salto, apoiando todos os movimentos que aconteciam e os que ele criou. Quando o monsenhor João da Silva Couto faleceu, em 30 de abril de 1970, ele assumiu a paróquia.


Em setembro de 1972 ele recebeu pela primeira vez o título de Cidadão Saltense

Ele nasceu em Leme, em 25 de agosto de 1922, o que quer dizer que veio para Salto aos 46 anos de idade. Aliás, ele foi ordenado padre quando contava 28 anos. Sua atuação foi logo reconhecida e em 11 de setembro de 1972 ele era homenageado pela Câmara Municipal, que lhe outorgou o título de Cidadão Saltense, numa cerimônia que contou com a presença de familiares e amigos seus, de Leme e região.


O presidente da Câmara devolve ao monsenhor Mário o título que havia sido “cassado”

“Cassação” – A primeira desavença do padre Mário foi com a Câmara de Salto, que “cassou” o título que lhe havia concedido 1972 menos de 2 anos depois, em 21 de março de 1974. Foi proposta a “cassação” pela bancada do MDB, que era maioria na Câmara, sob a justificativa de que ele difamava os vereadores que apoiavam o prefeito Jesuíno Ruy ao aprovarem um projeto que tirava a Festa da Padroeira da igreja, passando a ser dirigida por uma comissão nomeada pelo chefe do Executivo. O padre Mário compareceu à sessão, mas mesmo com a sua presença houve discussões acaloradas dos vereadores situacionistas com os da oposição, inclusive críticas aos seus comentários nos sermões das missas.

Em junho de 1993 o título de Cidadão lhe foi devolvido, numa sessão comemorativa ao aniversário da cidade.


Padre Mário x prefeito – Nos anos que se seguiram à “cassação” do título do monsenhor, as relações entre ele e o prefeito Jesuíno Ruy continuaram estremecidas. Inclusive no dia da inauguração da “Santa Feia” (23 de dezembro de 1972), como foi denominada a imagem construída por Jesuíno na ilha ao lado da ponte sobre o Rio Tietê, o padre Mário não compareceu para benzê-la, alegando “esquecimento” (ele também não compareceu à inauguração da outra imagem da Padroeira, em dezembro de 1980).

O ponto culminante da desavença com o prefeito ocorreu na procissão do dia 8 de setembro de 1977, quando o padre Mário tentou proibir a presença do prefeito ao lado do andor da Padroeira, o que atrasou bastante a saída. Ele só cedeu quando o juiz de direito da comarca, dr. Nilo Entholzer Ferreira, ameaçou prendê-lo, mas durante a realização da procissão por diversas vezes o padre Mário questionou o juiz, desafiando-o: “Prenda-me agora, se for homem!”.


Monsenhor - Para compensar a “cassação” do padre Mário, houve um trabalho para transformá-lo em monsenhor, que surtiu efeito, pois em 13 de abril de 1978 o Papa Paulo VI assinou um documento pontifício, outorgando a ele referido título. Algum tempo depois, em 24 de dezembro de 1984 era inaugurado o Centro Comunitário da Paróquia de Monte Serrat, ao lado de matriz, que passou a servir para a realização de reuniões dos movimentos religiosos, exposições, conferências e comemorações cívicas. O já monsenhor Mário Negro participou da campanha, juntamente com diversos outros colaboradores.


As relações do monsenhor Mário com o bispo diocesano nunca foram boas

Monsenhor x bispo – O monsenhor Mário Negro nunca se deu bem com o bispo d. Amaury Castanho e essas divergências se acentuaram a partir de março de 1997, quando o bispo anunciou que o sacerdote saltense deveria deixar o cargo em agosto desse ano, quando completaria 75 anos de idade, como era exigido dos párocos. O monsenhor, porém, queria

Mesmo contrariado, o monsenhor Mário dá posse ao seu sucessor, padre Lucas Prazer

ficar até as festas comemorativos do terceiro centenário da fundação da cidade, no ano seguinte (1998). Como não houve entendimento, dom Amaury decretou a destituição do monsenhor Mário Negro da Paróquia de Nossa Senhora do Monte Serrat de Salto. Num outro decreto, nomeou para seu lugar como administrador paroquial, o padre José Raimundo Lucas Prazer, que tomou posse em 19 de julho de 1997.

O monsenhor Mário não aceitou sem reagir a destituição, tendo apresentado recurso à Sagrada Congregação para o Clero, a qual julgou “legítimos e válidos” os atos do bispo diocesano. O monsenhor chegou a ir até o Vaticano para fazer um apelo diretamente ao Papa, mas não obteve êxito.

Monsenhor Mário participou de várias atividades religiosas, mesmo afastado, com o padre Lucas André

O padre Lucas, que havia substituído o monsenhor Mário, foi vítima de uma tentativa de assassinato por parte de 3 menores foragidos da Febem, mas não continuou em Salto. O padre Paulo André Labrosse foi nomeado administrador paroquial em seu lugar e com ele o monsenhor Mário teve a ocasião até de realizar alguns atos religiosos, mantendo-se entre ambos uma agradável convivência.


Depois de velado na matriz, o corpo do monsenhor foi levado ao Cemitério da Saudade, onde foi sepultado

Falecimento em 2006 – O falecimento do monsenhor Mário Negro aconteceu em 16 de maio de 2006, poucos meses antes dele completar 84 anos de vida. Dois bispos diocesanos (dom Amaury já tinha deixado o cargo), sacerdotes, autoridades e grande número de fiéis acompanharam seu sepultamento no Cemitério da Saudade. Seu corpo foi velado na matriz de Nossa Sra. do Monte Serrat.

 
 
 

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