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FATOS MARCANTES

Imigrantes foram importantes para o desenvolvimento de Salto


Salto viveu um período de letargia de 1698 (fundação) até a metade do século XIX (1850), conforme relata Ettore Liberalesso em seu livro “Salto, História, Vida e Tradição”. Contava apenas com uma capela, quase sempre fechada, só abrindo aos domingos e dias santos; só existia cerca de meia dúzia de casas comerciais e apenas uma pequena indústria, que fabricava velas de cera, além de engenhos de açúcar. Na segunda metade do século XIX a cidade começava a despertar, surgindo a primeira irmandade religiosa, além de uma ação na Câmara de Itu, à qual Salto pertencia, pelo vereador Joaquim Leme de Oliveira Cesar, presidente da irmandade de Salto, que pediu que 12 meninos e 12 meninas fossem alfabetizadas. Foi solicitada ainda a nomeação de um arruador, porque era preciso melhorar o arruamento, já que as ruas eram abertas sem obedecer a um critério correto. Não foi mandado um arruador, mas uma comissão ituana determinou que a 9 de Julho fosse uma rua implantada no centro, em linha reta desde o “largo” (hoje Praça Dr. Archimedes Lammoglia) até a saída para Campinas. Outras providências foram tomadas, surgindo novas ruas paralelas, organizando a área que hoje é considerada o centro.

A inauguração de um trecho da ferrovia, em 1870, também foi importante para o desenvolvimento, embora discreto, assim como o surgimento da primeira fábrica de tecidos, a fundação do Grêmio Musical Saltense e a ampliação do setor têxtil, também inexpressivo. Faltava um “empurrão” mais forte para a cidade desenvolver-se e ele passou a acontecer no final do século XIX, quando começaram a chegar os imigrantes italianos.


Situação na Itália – Quando houve a unificação da Itália, uma grande parcela da população italiana sentiu os efeitos de uma situação que beneficiava os grandes proprietários e prejudicava os mais pobres. Estes, que mal conseguiam manter-se, havendo dentre eles muitos desempregados, passaram a procurar alternativas e uma delas, a principal, foi a emigração. Sair do país era uma necessidade sentida por muitos e eles buscaram países onde poderiam não só suprir suas necessidades, mas também melhorar sua vida.


Construção das dependências da Brasital S.A, sucessora de uma indústria italiana

A chegada dos italianos – Os italianos vieram para diversas regiões do país, principalmente as produtoras de café. Com o fim da escravatura no Brasil, as grandes fazendas precisavam de mão de obra abundante e barata e isso permitiu aos italianos encontrarem oportunidades de emprego com grande facilidade. Alguns se fixaram no campo, mas outros procuraram outros caminhos e regiões que não eram consideradas cafeeiras, como a nossa, passaram a recebê-los e eles vieram conviver com os da terra, atuando nos mais diversos setores da vida do município, no início do século XX. Um desses setores foi o têxtil, que absorveu grande parte da mão de obra italiana, o que se acentuou ainda mais quando uma indústria italiana, a Societá per l’Exportazione e per l’Industria Italo-Americana, sediada em Milão, adquiriu as duas indústrias que iriam se transformar na Brasital S.A. para a Indústria e o Comércio.

A vinda dos italianos não aconteceu apenas no final do século XIX e início do século XX, mas também nos anos de 1920 e 1930, a ponto de chegar a se afirmar que por volta de 1950 que metade da população de Salto levava sobrenomes italianos, porcentagem que começou a diminuir cerca de 20 anos depois, segundo constata Ettore Liberalesso em seu livro sobre a história de Salto.


A Brasital dava emprego para centenas de trabalhadores, muitos deles imigrantes italianos

“Mãe de Salto” – A principal participação que os italianos tiveram em Salto foi através da Brasital S.A., que fez tanto pela cidade que foi considerada a “Mãe de Salto”. Além de dar emprego para centenas de pessoas, não só a sua

Nos quintalões havia fornos para fazer pães, tanques para lavar roupa e área para o lazer dos moradores

fábrica de tecidos, mas também à de papel, chegando a mais de 2.000 numa certa época, ela construiu três conjuntos de residências, o maior no centro da cidade, com 4 quarteirões, tendo ao centro os “quintalões”, um espaço comunitário muito utilizado pelos moradores, onde havia, inclusive, fornos para que eles fizessem pão e tanques para que pudessem lavar as roupas das famílias, além de área para o lazer. Ela também mantinha uma creche para os filhos das funcionárias, fornecia tecidos para os operários e punha à disposição deles um açougue e um armazém, oferecendo produtos alimentícios a preços de custo.

O antigo prédio da Sociedade Italiana Giuseppe Verdi, que posteriormente foi ampliado

Fundaram ainda a Sociedade Italiana Giuseppe Verdi, que contava com uma escola para o ensino complementar, a Anita Garibaldi e o Teatro Verdi, onde foram apresentadas muitas peças teatrais e outros eventos. Essa sociedade existe até hoje e tem sido de grande utilidade para os saltenses.


Várias atividades – Muitos dos italianos que chegaram em massa, principalmente no início do século XX, depois de trabalhar em profissões modestas, por suas próprias qualidades e arrojo, acabaram se saindo bem, vários deles se tornando empresários, fazendo fortuna e melhorando consideravelmente a vida dos seus familiares e até de muitos compatriotas. A maioria, pode-se afirmar, viveram aqui muito melhor do que se tivessem ficado em seu país de origem, onde as condições eram mesmo muito difíceis.


Outros povos - Salto ganhou muito não só com a presença de imigrantes italianos, mas também de outros países, principalmente europeus, como os portugueses, espanhóis, suíços, alemães e outros. Teve influência também no desenvolvimento da cidade a migração de milhares de famílias que vieram de outros estados brasileiros, principalmente o Paraná e também do nordeste brasileiro, estes últimos na década de 1970, principalmente.

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