OPINIÃO
Estádio: 36 anos sem conclusão e muitas promessas
Em 14 de junho de 1980, no segundo governo do prefeito Jesuíno Ruy, o jornal Taperá publicava a seguinte manchete: “Prefeitura vai construir um Estádio para 20 mil pessoas”. Os esportistas saltenses vibraram, mas passados 38 anos essa manchete virou piada, pois não temos um Estádio Municipal nem para 5 mil pessoas, capacidade que foi prometida através dos tempos, pelos chefes de Executivo que se sucederam à frente da Prefeitura de Salto. Essa não foi a única manchete com certo tom de humor ou que não se confirmou. Em agosto de 1989, por exemplo, quando era prefeito Eugênio Coltro, foi calculado que seriam necessários 5 milhões de dólares para concluir o Estádio e nos anos seguintes todos os prefeitos que ocuparam o cargo fizeram constar em seu programa de governo: conclusão das arquibancadas do Estádio Municipal, promessa que virou carimbo. Nem 5 milhões de dólares e muito menos de reais. Jesuíno Ruy teve o mérito de inaugurar um estádio inacabado, em 7 de novembro de 1982. Naquela época não tinha ainda arquibancadas, o que só veio a acontecer tempos depois. Os espectadores das partidas e das competições de atletismo na pista construída ao redor do campo de futebol tinham que se acomodar nos barrancos que cercavam a praça de esportes ainda somente com o gramado (cercado por alambrado) e um prédio ao lado, com salão para competições esportivas e para ser utilizado também para festas de casamento, aniversário, etc. Sob esse salão, os vestiários, almoxarifado e pequeno salão para palestras. O Estádio levou o nome do pai do prefeito Jesuíno: Benedito Ruy e o salão de festas o nome da mãe do chefe do Executivo, Mariana Aléssio Ruy. 10 anos depois, quando o Estádio foi reinaugurado, o prefeito Eugênio Coltro não tomou conhecimento da denominação dada por Jesuíno e homenageou um antigo jogador de futebol, Amadeu Mosca, nome que perdura até hoje. Nessa reinauguração, que coincidiu com a abertura da 7ª Olimpíada do Trabalhador Saltense, aconteceu uma partida de futebol amistosa entre Saltense e Guarani, clubes que utilizaram a praça esportiva, durante um certo tempo, para mandar seus jogos pelo campeonato profissional que disputaram. Mas as dependências reservadas ao público continuaram modestas, melhorando um pouco ao serem disponibilizadas arquibancadas móveis, desmontadas em 2003, quando graças a doações e campanhas encenadas por esportistas, teve início a construção das arquibancadas de alvenaria, que vez ou outra prosseguiram, mas sem uma continuidade que proporcionasse os 5 mil lugares prometidos. Isso pode agora acontecer, conforme notícias divulgadas na semana passada. Parece que, ao que tudo indica, as obras das arquibancadas do Estádio Municipal serão retomadas, existindo inclusive uma verba considerável para isso: 1,6 milhão da verba total de 2,5 milhões de reais, obtidas pelo deputado federal Arlindo Chinaglia (900 mil já foram utilizados). Deve ser aberta a licitação ainda neste mês de março e as obras iniciadas até meados deste 2018. Tendo em vista as boas notícias divulgadas anteriormente e que viraram pó, vamos confiar com um pé atrás. Terminar as obras do Estádio não é uma prioridade nos dias atuais, mas já que existe uma verba específica para esse fim (e que não pode ser destinada a outro setor), vamos usá-la, não é mesmo?