QUEM FOI QUEM

João Baptista Dalla Vecchia: um professor inesquecível

Quem teve aulas com o professor João Baptista Dalla Vecchia, na Escola Anita Garibaldi, guardou na lembrança momentos inesquecíveis vividos com o mestre que foi um dos mais marcantes nos mais de 300 anos de Salto. Ele era contramestre da tecelagem da Brasital S.A., onde trabalhou até dezembro de 1930. Quatro meses depois, em abril de 1931, assumiu a direção da Escola Anita, um estabelecimento de ensino complementar, que era cursado por aqueles que ainda não tinham idade para ingressar no mercado do trabalho. Foi só a partir de meados da década de 1950 que surgiu o Ginásio de Salto, mas muitos ainda preferiam cursar a Escola Anita do que o curso ginasial. Isso porque as aulas ministradas pelo professor Dalla Vecchia eram muito mais completas: além das matérias costumeiras (Português, Matemática, Geografia, História, etc.) lá os alunos tinham também aulas de Música, Língua Italiana (nos primeiros tempos), Religião, Ginástica e Caligrafia. As duas últimas eram célebres na cidade, principalmente a de Caligrafia, cujos alunos tinham preferência na contratação para as lojas, que fornecia notas fiscais manuscritas.

Também era famosa a fanfarra da Escola Anita, a principal da cidade, que desfilava nas datas comemorativas e também todos os sábados, quando os alunos se dirigiam ao campo da A.A. Saltense, onde faziam ginástica e depois disputavam partidas de futebol.

Se fosse apenas o “professor símbolo”, como era reconhecido, o professor Dalla Vecchia seria muito, mas também atuava em outros setores da cidade. Ele foi um grande colaborador da Paróquia de N. Sra. do Monte Serrat e do seu vigário, monsenhor João da Silva Couto, ajudou a fundar o Círculo Católico São Francisco de Assis, em 1929, sendo seu presidente até 1949. Também foi confrade vicentino, presidente da Conferência S. Francisco de Assis, membro da construção da nova matriz, entre 1928 e 1930, um dos diretores do Ítalo F.C., time de futebol, etc. Na área musical, foi músico por muitos anos da extinta Corporação Musical Giuseppe Verdi, após o que foi um dos fundadores da União Musical Gomes-Verdi, em julho de 1939. Foi maestro desta última durante muitos anos, até julho de 1958.

Na política, foi vereador de maio de 1936 a janeiro de 1937 e de janeiro de 1948 a janeiro de 1951, quando renunciou ao cargo. Também foi vice-prefeito na gestão Vicente Scivittaro, no quatriênio 1960 a 1963, tendo substituído o titular em diversas ocasiões.

Recebeu muitas homenagens pelos serviços prestados à comunidade, tendo recebido o título de Cidadão Saltense, em novembro de 1966, pois nasceu em Itu em 23 de setembro de 1896. Seus pais, Giácomo e Reginal Dalla Vecchia, eram italianos e o levaram de volta para a Itália em 1904, onde ficou até 1919, quando veio definitivamente para Salto. Casou-se no ano seguinte com Gilda Baldin, com quem teve 8 filhos: Umberto, Adélia, Concheta, Celestino, Terezinha, Rosália, José e Helena.

Recebeu diversas outras homenagens, como a denominação dada ao Parque-Escola do Parque Bela Vista e também foi dado seu nome a uma das ruas do Condomínio Fechado Zuleika Jabour.

Faleceu em 20 de maio de 1981, deixando muitas lembranças, não só entre os seus inúmeros alunos, mas também entre os muitos saltenses que tiveram a oportunidade de conhecê-lo.