OPINIÃO
Dissecada, em audiência, a situação do transporte urbano
Audiência pública em Salto é sinônimo de cadeiras vazias e palavras ao vento, pronunciadas por aqueles que enfrentam uma plateia de alguns gatos pingados apenas. Isso já aconteceu até com importantes audiências públicas que trataram dos problemas da Saúde na cidade, nas quais poucos compareceram. Isso se repetiu numa audiência importante, como a realizada na última quarta-feira nas dependências da Sala Palma de Ouro, quando se tratou da licitação a ser realizada para a escolha da empresa que vai cuidar do transporte público em Salto. O sujeito reclama do preço da passagem, das más condições dos pontos de ônibus, da situação de alguns ônibus e até da “porta do meio” que não é aberta pelo motorista, mas na hora de botar a boca no trombone prefere o sofá macio de sua casa pra assistir a novela ou o jogo de futebol. Se tivesse tirado a bunda do sofá e fosse até a Sala Palma de Ouro, tomaria conhecimento de muita coisa que 99% dos saltenses não conhecem. Por exemplo: que será exigido da empresa ganhadora em seus coletivos ar-condicionado, wi-fi (para acessar a internet), compra de ônibus 0 km (gastos que podem atingir 20 milhões de reais), layout novo dos ônibus, otimização dos serviços. Saberia também que a frota da Nardelli é de 52 ônibus, dos quais 12 foram adquiridos em 2012; que opera em 15 linhas; que em 2013 Salto tinha 7,3 milhões de pessoas que pagavam tarifa de ônibus, número que caiu para 3,9 milhões em 2017 (!); que dos que utilizam o transporte público, 1,5 milhão tem gratuidade (idosos, portadores de necessidades especiais, estudantes, etc.): que apenas 64% das pessoas que utilizam o transporte público na cidade hoje pagam tarifa, 8% são estudantes e 28% tem gratuidade. “Como o sistema funciona e como sobrevive desse jeito?”, perguntou a representante da Memphis, empresa contratada pela Prefeitura para fazer o diagnóstico do transporte coletivo urbano da cidade. Um empresário do ramo um dia nos confessou: “transporte coletivo urbano já foi um bom negócio...”. Hoje deve ser apenas um negócio de empresas que possuem um grande patrimônio representado pelos ônibus e instalações e têm dificuldades de encontrar quem queira assumir. Por isso, não esperem que na licitação a ser realizada brevemente sobre o transporte público surjam muitos interessados, a não ser que não estejam muito bem informados sobre as dificuldades em satisfazer a maior parte dos usuários e de conseguir reajustes da tarifa quando estão se aproximando da situação em que a receita está perdendo para a despesa.