QUEM FOI QUEM
Milanez atuou em 3 atividades principais
e se sobressaiu em todas elas
Luiz Milanez foi um homem de muitas atividades, mas nas três principais delas ele se sobressaiu, merecendo um prestígio na cidade que poucos obtiveram. Ele nasceu em Salto, em 18 de agosto de 1910, onde viveu 92 anos, aqui realizando seus primeiros estudos no então Grupo Escolar Tancredo do Amaral.
O enfermeiro - Sua primeira atividade, a de enfermeiro, se iniciou muito cedo, quando ele começou a trabalhar como auxiliar do dr. Antonio Bicudo, época em que despertou sua vocação para a enfermagem. Para se especializar, frequentou durante dois anos e meio (de 1937 a 1939) o curso de enfermeiro técnico na Santa Casa de São Paulo, começando a atender as pessoas de Salto, numa época em que eram apenas dois ou três os médicos que atendiam a população na cidade. Com a ajuda do seu sobrinho Laerte Milanez, resolvia os muitos pequenos problemas que surgiam, fazia curativos, aplicava injeções, enfim era de grande valia para muitas pessoas que necessitavam dos seus serviços.
Sua avó materna, Doralice Segabinassi, havia trabalhado, na Itália, como assistente de um médico naturalista, ocasião em que conheceu uma erva que curava dores ciáticas e que foi trazida para Salto, onde ela fez uma plantação secreta. Luiz Milanez herdou dela, através dos seus pais, os conhecimentos sobre a técnica da cura do reumatismo e da ciática, método que ficou famoso no Brasil inteiro, atraindo até mesmo pessoas do exterior, que vinham se curar em Salto. Os que procediam de fora ficavam hospedados nos hotéis da cidade, principalmente o Hotel Saturno, até que Milanez, com a parceria do seu sobrinho João Caldarelli, construiu a Clínica Reumática Santa Terezinha (hoje Hospital da Unimed), onde os pacientes eram tratados e se hospedavam, pois ali funcionava também como hotel.
O tratamento tinha a supervisão e o acompanhamento de um médico, tendo o dr. Adriano Randi exercido essa função durante muitos anos.
O esportista – Milanez era um apaixonado por futebol, isso desde o tempo em que a cidade contava com o Ítalo F.C., que existiu de 1919 a 1926. Foi depois diretor do Ypiranga e do Corinthians Saltense, trabalhando para ambas as equipes se juntassem a uma terceira, o São Paulo F. C., surgindo a Associação Atlética Saltense, em 1936. Prestou inestimáveis serviços ao novo clube, constituindo-se num baluarte, como presidente da Comissão formada, na compra do estádio, que passou a chamar-se “Alcides Ferrari”, em homenagem ao membro da família do ex-proprietário do campo, Hilário Ferrari. Milanez era o tipo do dirigente que dava todo o apoio aos seus companheiros de diretoria e principalmente aos atletas, formando grandes equipes para muitas conquistas.
Uma divergência com outros diretores levou-o a deixar a Saltense e se transferir para uma modesta equipe amadora da cidade, a A.A. Avenida, colaborando para que fosse construído um estádio na Ilha Grande, que, aliás, leva seu nome. Investiu bastante no novo clube, inclusive conseguindo que ele fosse o primeiro saltense a ingressar na então poderosa 2ª divisão de profissionais, graças ao seu bom relacionamento com João Mendonça Falcão, presidente da Federação Paulista de Futebol.
O político – Iniciou sua carreira política como vereador, eleito pela UDN (União Democrática Nacional), de janeiro de 1952 a dezembro de 1955. Esteve por algum tempo afastado da política, mas, convidado por Josias Costa Pinto, disputou o pleito de 1972, sendo a chapa eleita para ocupar o cargo de janeiro de 1973 a janeiro de 1977, substituindo em diversas ocasiões o titular, quando teve a oportunidade de tornar realidade algumas de suas ideias. Foi candidato a prefeito em 1976, mas obteve apenas a 4ª colocação.
Outras atividades – Milanez era das pessoas que não recusava convites e às vezes ele próprio se propunha a trabalhar por alguma causa. Convidado pelas autoridades locais, foi presidente da comissão que construiu a Casa do Menor (atual Associação do Homem de Amanhã), presidente da Comissão da Festa da Padroeira de 1951 a 1954; presidiu a comissão que organizou a Semana Eucarística na cidade; foi presidente da comissão que organizou as comemorações dos 50 anos do “Tancredo do Amaral”, dentre outras diversas participações.
Era casado com Mathilde Telesi, com quem teve 3 filhos: Maria de Lourdes, Rosely e Elizabeth. Tempos após enviuvar, em 1990, casou-se, em segundas núpcias, com Antonia Padovani.
Faleceu em 30 de agosto de 2002, aos 92 anos de idade.