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OPINIÃO

Vereador que não votasse com o prefeito era “traidor”


Ah, se isso tivesse acontecido na época em que os prefeitos de Salto eram Joseano, Jesuíno, Josias, Coltro e até mesmo Pilzio e Conti! Referimo-nos à rejeição, por unanimidade de votos, de dois vetos apostos pelo prefeito Geraldo Garcia a projetos de autoria de vereadores. Os “traidores” seriam xingados pelas esquinas, em inaugurações ou em outros atos públicos, execrados em todas as oportunidades que surgissem, pois o pensamento naquela época era: “ou estão com nós, ou estão contra nós”. A história política de Salto mostra muitos casos de vereadores que não leram a cartilha conforme foi determinado pelo chefe do Executivo, a maioria deles individuais, ocorrendo uma só vez um rompimento com um número maior de membros do Legislativo: no início de 1980, depois de desavenças com o prefeito Jesuíno Ruy, com o qual tinham sido eleitos pelo PMDB, nada menos que 7 vereadores (Eduardo Scivittaro, José Messias Ticiani, Alcides V. de Almeida, Nelson Mosca, Antônio Oirmes Ferrari, Antônio Lázaro Vendramini e Ignácio de Moraes). Eles mudaram para outro partido, o PTB, passando a fazer oposição ao então chefe do Executivo. Em novembro do mesmo ano, 6 desses 7 (os mesmos citados, menos Alcides V. de Almeida que foi para o PP, Partido Popular, de Olavo Setubal) se transferiram para o PDS. Na época eles faziam uma oposição terrível a Jesuíno, que respondia à altura, inclusive colocando apelidos, como era do seu feitio, naqueles que haviam rompido com ele, utilizando as ações oficiais e até mesmo as conversas em bares para criticar os “traidores”. Os atos contra o prefeito chegavam a ser pessoais, como quando reduziram a verba de representação, de um valor considerável para o equivalente hoje a mais ou menos 100 reais, que a Justiça acabou anulando. A rejeição dos dois vetos de Geraldo Garcia pelos vereadores nem se compara a quando fatos como esses ocorriam no passado. Geraldo até parece se mostrar compreensível e justificar que tomou a atitude de exercer os vetos baseados em preceitos legais. Aliás, falando sobre os dois projetos que determinaram os vetos, veremos que um deles peca pela obviedade: proíbe que obras não concluídas sejam inauguradas. Ué, mas isso não é uma coisa lógica? Talvez o autor da proposição, Macaia, tenha o apresentado, lembrando que Juvenil inaugurou uma creche, no final do seu mandato, com as obras concluídas, mas sem os equipamentos que permitissem o funcionamento. Fica a dúvida: foi obra inacabada? O outro projeto de autoria do vereador Edemilson dos Santos, se aprovado iria beneficiar os motoristas saltenses, pois os postos que vendem gasolina formulada (aquela que utiliza sobras da preparação da gasolina comum) teriam que afixar um aviso esclarecendo o motorista, pois existem especialistas que garantem que a gasolina formulada prejudica o desempenho e as peças dos veículos. Pode ser até que Geraldo concordou que seria uma providência acertada sancionar, mas foi convencido pela sua assessoria jurídica que a lei extrapolaria os limites determinados pelo rol de atribuições dos ocupantes da chefia do Executivo. Mas que vetou, vetou.

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