QUEM FOI QUEM
Benedicta de Rezende, professora que teve
uma grande decepção na política
Uma das saltenses que marcou época na cidade, pelas suas inúmeras atividades, foi a professora, poetisa e musicista Benedicta de Rezende. Ela não só participava, como promovia eventos no setor artístico, ao mesmo tempo em que ministrava aulas no Grupo Escolar Tancredo do Amaral, o que aconteceu durante 10 anos ininterruptos.
Ela nasceu em Taubaté, SP, em 9 de maio de 1989 e realizou seus primeiros estudos em sua terra natal. Falava, além do português, o inglês e o francês e tocava piano que aprendeu com seu pai, tendo feito inúmeras apresentações em Salto, em promoções do Grupo Escolar, principalmente.
Formou-se professora na Escola Normal Secundária, de São Paulo, em 1916, tendo atuado inicialmente numa escola isolada de Limeira, SP. Foi adjunta em várias cidades do interior, como Limeira, Itatiba, Pindamonhangaba, São Carlos, Atibaia e Mogi das Cruzes. Veio para Salto em 1930, afeiçoando-se à cidade e ao seu povo. Após aposentar-se em 1948, no Grupo Escolar Romão Paigari, de São Paulo, voltou a Salto, em caráter definitivo.
Na cidade que escolheu para passar seus últimos dias, foi regente de orfeão durante 16 anos; passou a escrever poesias e hinos para a infância escolar, sempre incutindo no espírito infantil o amor pelo Brasil. Foi sempre uma patriota e uma educadora dedicada, suas poesias e seus textos literários eram sempre impregnados de amor à Pátria e a Deus. Religiosa convicta, era devota do Sagrado Coração de Jesus e de Maria Santíssima, a quem dedicou páginas belíssimas sobre temas religiosos.
Tinha extraordinário dom para a música e se mostrava sempre expansiva e alegre. Deixou dezenas de obras musicais, além de poesias e obras literárias (algumas em inglês e português), que gostava de presentear os amigos. Fazia também acrósticos, que publicava nos jornais locais.
Faleceu no dia 2 de novembro de 1964, aos 75 anos de idade.
Na política – A profa. Benedicta de Rezende foi a primeira a se candidatar a vereadora na cidade, mas um fato lamentável ocorreu com ela, que marcou sua vida na história da cidade, pois era figura respeitável e querida por todos. Foi candidata pela coligação PSD-UDN e a menos votada do total de 27 candidatos, obtendo somente 1 (um) voto. O fato foi muito comentado na época, pois nem mesmo seu filho, que exercia a profissão de barbeiro, teria votado nela. Teve apenas o seu. Outros dois candidatos menos votados tiveram 4 votos cada um.
No dia da eleição (14 de outubro de 1951) ela tinha publicado em O Liberal uma poesia, dedicada a Maria Santíssima, cujos últimos versos pareciam uma antevisão do que lhe aconteceria no pleito:
Aceitarei, Maria, em teu louvor,
A condição pesada que me impões,
De tolerar, paciente, com amor,
A perda de consolos e ilusões.
Seus versos foram também um presságio do que iria acontecer, pois o mau resultado eleitoral não a desanimou, já que ela continuou suas atividades em vários setores da cidade, razão pela qual foi homenageada com a denominação de uma das principais escolas saltenses. Só não voltou a se candidatar a um cargo eletivo para não ter uma nova decepção.