OPINIÃO
- Valter Lenzi
- 30 de jul. de 2018
- 2 min de leitura
Cedendo às evidências e exigências
O Executivo parece não ter nenhuma pressa para que seja aprovado o projeto de lei que fixa novos valores para ocupantes de 12 cargos na administração municipal, a maioria deles superior a 100%. Ficou demonstrado agora, após o reconhecimento dos erros cometidos no cálculo das porcentagens, quando da apresentação do projeto, que o bicho não era tão feio como se imaginava. Os aumentos são consideráveis, mas menores do que aqueles cujas porcentagens foram divulgadas e criticadas. A votação deveria acontecer na última terça-feira, dia 24, mas só depois de mais de um mês da apresentação da propositura a administração caiu na real e resolveu retirá-la, pouco antes da sua apreciação. O prefeito Geraldo Garcia cedeu às exigências dos que não concordavam com o reajuste da forma como foi proposto e também cedeu às evidências, pois só ele e os integrantes do seu governo imaginavam que uma proposição dessa natureza e da forma como foi apresentada poderia ser aprovada pela maioria dos vereadores. Até integrantes de sua bancada se manifestaram contra, o que fazia com que se previsse uma rejeição, se não por unanimidade, quase isso. Seria uma derrota histórica para o chefe do Executivo e por isso ele teve o bom senso – apesar de tardio – de retirar a proposta “para melhores estudos”, como se costuma dizer quando não se sabe ainda o que se vai fazer. Já se comenta que Geraldo vai propor aumentos menores, mas mesmo assim consideráveis, pois considera que se não pagar bem ocupantes de determinados cargos, eles vão preferir se transferir para a iniciativa privada ou para prefeituras nas quais a valorização desses funcionários serve como atrativo. Ele tem suas razões, mas, como já comentamos, faltou habilidade política, ou seja, não se aprova uma propositura importante sem antes manter contato com aqueles a quem cabe tornar realidade o que é proposto, no caso os integrantes do Poder Legislativo. Estes foram pegos de surpresa e, impressionados com as porcentagens inicialmente divulgadas, não tiveram dúvidas em se posicionar contra, pois, se não o fizessem, iriam ser alvos de críticas, merecendo a reprovação inclusive de grande parte da população. Há necessidade de se melhorar a remuneração dos ocupantes dos 12 cargos elencados pelo prefeito no projeto e talvez até de outros funcionários que exercem funções semelhantes, mas não se pode ir “com muita sede ao pote”. Também deve-se seguir as regras comezinhas que um governo que pretenda “entrar no jogo” pra valer, com o objetivo de se sagrar vencedor. Se isso não for feito, a nova proposta que o Executivo deve encaminhar à Câmara, poderá seguir pelo mesmo caminho do projeto que certamente seria rejeitado na última terça-feira, o que só não aconteceu porque Geraldo “tirou o time de campo”.