QUEM FOI QUEM
Antônio Vieira Tavares, o primeiro “saltense” ilustre
Antonio Vieira Tavares não era, evidentemente, saltense de nascimento, pois naquela época Salto ainda não existia. Ele nasceu em Cotia, cidade do Estado de São Paulo, mas não se conhece a data precisa, se sabe apenas que foi em meados do século XVII. Pode, no entanto, ser chamado de saltense, o primeiro a ganhar essa denominação, pois ele foi o fundador da cidade. Justifica-se com o argumento de que, segundo se sabe, em 1690, ele, que era considerado “capitão”, já residia no “Sítio Cachoeira”, que pertencia ao município de Ituguaçu. Ou seja, por vias tortas ele já era “saltense”, pois residia na área da nossa queda d’água. Era filho do capitão e bandeirante Diogo da Costa Tavares e de Maria Bicudo, ele irmão do famoso Antonio Raposo Tavares e com o qual participou do socorro organizado por Salvador Correia de Sá e Benevides para libertar Pernambuco dos holandeses.
Esse sítio foi adquirido pelo capitão Tavares por cartas-escrituras de sesmarias (sesmaria era um lote de terras distribuído a um beneficiário, em nome do rei de Portugal, com o objetivo de cultivar terras virgens), à margem direita do Rio Tietê (onde hoje temos o centro de Salto). As divisas desse sítio seguiam pela referida margem do Tietê, desde a foz do Rio Jundiaí – umas cem braças a montante da cachoeira, até o Rio Buru e subindo por meia légua (1.214 metros) rios acima – o Rio Jundiaí pela sua margem direita e o Buru também pela sua margem direita – onde suas terras tinham fim. Pode-se dizer, resumindo, que o sítio abrangia a atual Rua Marechal Deodoro, atingindo as ruas José Weissohn, José Galvão, Monsenhor Couto, Dr. Barros Jr. e Joaquim Nabuco, inclusive chegando ao Jardim 3 Marias e proximidades do Condomínio Piccolo Paese.
Tavares foi casado com Maria Leite, filha de Pascoal Leite Furtado e Isabel do Prado, portugueses provenientes dos Açores, não tendo filhos desse consórcio. Em 1695 ele começou a planejar o nascimento de uma vila que se tornaria a cidade de Salto, quando enviou um ofício ao padre Manoel da Costa Cordeiro, que se encontrava em Itu, e que, como visitador-real, representava o bispo do Rio de Janeiro, pedindo licença para construir uma capela em seu sítio, em louvor a Nossa Senhora do Monte Serrat. Recebeu resposta positiva, por isso o capitão providenciou a construção da capela, que foi benta e inaugurada em 16 de junho de 1698, data que é considerada como a da fundação de Salto.
Sua esposa Maria Leite faleceu em 3 de maio de 1704 e o fundador de Salto casou-se um ano depois com Josefa de Almeida, filha de Manoel Antunes de Carvalho e Ana de Almeida, do Rio de Janeiro. Desse segundo casamento, tiveram os filhos Antonio (que foi frei), Braz de Carvalho Paes, Manoel (que se tornou irmão leigo), Francisco (mestre em Filosofia) e Maria (que se casou com um sargento de Milícias de Ordenanças, de Itu.
O capitão Antonio Vieira Tavares morreu em 4 de dezembro de 1712 e foi sepultado na capela-mor da Igreja dos Franciscanos, em Itu, tendo declarado em testamento a nomeação do seu filho Braz Carvalho Paes como administrador da capela que ele havia construído, assim como declarou deixar todos os seus bens, inclusive o “Sítio Cachoeira”, à referida capela.
Seus restos mortais foram transferidos para Salto em 21 de junho de 1981 e estão depositados numa urna existente na cripta construída sob o monumento à Padroeira de Salto, Nossa Sra. do Monte Serrat, no “Morro das Lavras”, atual Praça João Paulo II, ao lado do Parque das Lavras, no Bairro da Estação.
A praça da igreja que o capitão Tavares construiu em 1698, passou a ter o nome do fundador da cidade em 9 de setembro de 1934 e a principal praça da cidade passou, em 11 de novembro de 1985 a chamar-se Praça 16 de Junho, em homenagem à data de fundação da cidade. Como esta última recebeu a denominação de Dr. Archimedes Lammoglia, em 1996, a Praça da Bandeira, ocupada pela matriz de Monte Serrat, passou a chamar-se Praça 16 de Junho.